Toda vez que se pensa na morte, imagina-se que é o outro quem vai morrer, não nós. Mas, todos vamos morrer. É o que existe de mais preciso.
Não importa se somos ilustres ou desconhecidos, que tenhamos muitos diplomas ou sequer tenhamos cursado o ensino fundamental.
Não importa se tenhamos estragado nossa vida, tornando-a quase insuportável, ou se a tornamos bela, harmoniosa. Todos vamos morrer.
Mas, se isso é o que há de mais certo na nossa vida, por que tememos tanto a morte?
Segundo Léo Buscaglia, só tememos a morte quando não estamos vivendo. Se estamos envolvidos no processo de vida, não vamos gritar, nem gemer. Se tratamos bem as pessoas enquanto estavam ao nosso lado, na carne, nós as deixaremos morrer com dignidade, sem que tenham que se sentir culpadas porque morreram antes de nós.
A morte é um processo contínuo e belo da vida. É uma boa amiga, pois nos diz que não temos para sempre e temos que viver agora. Por isso, cada minuto é precioso. E temos que viver conforme esta verdade.
Quando alguém está falando conosco, escutemos e não olhemos por cima do ombro para ver o que mais está acontecendo. Usufruamos o momento. Olhemos a pessoa nos olhos. Ouçamos o que ela tem a dizer. Pode ser que seja o seu último contato conosco.
E nos empenhemos em ouvir sua voz, gravando-a em nossa memória. Assim, quando tivermos saudades do timbre daquela voz, poderemos amenizá-la, acionando os preciosos mecanismos cerebrais, escutando-a outra vez, na intimidade da alma.
A morte nos ensina que o momento é sempre agora. É este o momento para pegar o telefone e ligar para a pessoa que amamos e dizer que a amamos. É este o momento de atender o chamado do filho e observá-lo enquanto ele se balança no galho mais alto da árvore e, feliz, nos pergunta: Viu o que eu faço?
É o momento de pararmos de ler o jornal e almoçarmos com a família, de corpo e alma presentes. Dar-se conta de que o filho está com o joelho machucado e perguntar onde foi que se esfolou. Olhar para a esposa e fazer um carinho, dizer-lhe como, apesar dos anos, ela continua a namorada encantadora e porque, um dia, nos apaixonamos por ela.
A morte nos ensina que não temos a eternidade na Terra. Ensina que nada aqui é permanente. Ensina-nos a deixar as coisas terrenas, que não há nada a que nos possamos agarrar, senão aos sentimentos que nos acompanharão aonde formos.
A morte nos diz para olharmos hoje para o mar, com olhos de quem quer mesmo olhar o mar. Encantar-se com o pôr do sol, reconhecendo que este pôr do sol, com estas tonalidades, jamais se repetirá.
Finalmente, a morte nos diz para vivermos agora, sem querer de forma ansiosa viver o momento seguinte, porque afinal, ninguém pode ter a certeza de que ele existirá para nós.
Este é um grande desafio. Viver o instante presente, com toda intensidade, usufruindo todo o encanto, amor e ternura que ele nos pode oferecer.
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O Mestre de Nazaré, ao prescrever a fórmula da felicidade para o homem, teve oportunidade de lecionar que não nos preocupássemos com o dia de amanhã, com o que haveríamos de comer ou de vestir.
Com isso, não estava ensinando imprudência ou descaso, mas nos dizendo exatamente isto: Usufrua o dia que o Senhor Deus te concede na carne. Ama. Trabalha. Cresce, hoje, porque este é o dia melhor de toda a tua vida.
Redação do Momento Espírita, com base no cap.
As crianças de amanhã, do livro Vivendo, amando e aprendendo,
de Léo Buscaglia, ed. Nova Era.
Em 31.7.2014.
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