Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
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ícone O primeiro olhar

O primeiro olhar é aquele momento em que a vida passa da sonolência para a alvorada.

É a primeira chama que ilumina o íntimo mais profundo do coração. É a primeira nota mágica arrancada das cordas de prata de um sentimento que poderá nascer.

É aquele momento instantâneo em que se abrem diante da alma as crônicas do tempo, e se revelam aos olhos as proezas da noite, e as vozes da consciência.

Ele é que abre os segredos da eternidade para o futuro.

É a semente lançada, e espargida pelos olhos do ser amado na paisagem do amor, depois regada e cuidada pela afeição, e finalmente colhida pela alma.

Nada mais cheio de esperança do que o primeiro olhar.

Nenhuma expectativa vã, pois não se teve tempo de esperar ainda. Nenhum sentir fugaz, pois não chegou o tempo do sentir.

Nada interfere no primeiro olhar, durante os infinitos segundos que sobrevive.

Não há tempo. Não há espaço. Apenas olhares que se interpenetram pela primeira vez.

O que buscam ao se deixarem perder? O que dizem? Quando dizem? Respostas que não virão.

Mesmo que após esse, se sigam muitos outros, que os olhos decidam por enamorar-se, e que se visitem diariamente em cada aurora, a lembrança do primeiro fica na retina da alma, na História do Espírito.

E quantos primeiros olhares, neste exato instante do tempo?

Quantas vidas alvorecem com eles enquanto observamos os carros passando apressados. Enquanto miramos janelas, pessoas. Enquanto consideramos – apenas, então, somente.

Quantas novas chances para a vida são dadas com esses arroubos singelos e transparentes...

Quantas novas forças, novas oportunidades, visões novas sobre um mundo velho...

Quantos reencontros velados pelo esquecimento da memória, se entregam pela lembrança do coração...

O que seria do amor sem o primeiro olhar.

*   *   *

Celebremos o amor que nasce, o amor que promete, o amor potencial.

Celebremos o germe, da mesma forma, que festejamos o fruto doce.

Exaltemos a vontade de ser borboleta, encontrada na lagarta que nasce.

Festejemos cada novo amor, da mesma maneira que exultamos ao receber no mundo uma criança.

Não nos deixemos levar pelo pessimismo destruidor de corações partidos, que ainda não permitiram que o tempo cicatrizasse suas chagas.

Não desistamos tão facilmente das potencialidades humanas, debaixo de expressões autofágicas como não tem jeito. Está cada dia pior. É o fim de tudo.

Acreditar no amor que está por vir é crer na sobrevivência da vida, e lutar por ela.

*   *   *

O amor é de essência divina e todos vós, do primeiro ao último, tendes, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado.

O amor está por toda parte em a natureza, que nos convida ao exercício da nossa inteligência.

Até no movimento dos astros o encontramos.

É o amor que orna a natureza de seus ricos tapetes.

Ele se enfeita e fixa morada onde se lhe deparem flores e perfumes.

É ainda o amor que dá paz aos homens, calma ao mar, silêncio aos ventos e sono à dor.

 

Redação do Momento Espírita, com base em texto do
livro
A voz do Mestre, de Khalil Gibran, ed.
Claridade; no item XVI da Introdução e item 9 do
cap. XI de
O Evangelho segundo o Espiritismo, de
Allan Kardec, ed. FEB.
Em 29.5.2014.

 

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