Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
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Só podemos encontrar paz e felicidade no amor quando abrimos mão das condições que colocamos no nosso amor pelos outros.

Assim inicia um dos capítulos da obra Os segredos da vida, a doutora Elizabeth Kübler-Ross, célebre estudiosa suíça, pioneira devotada ao trabalho com pacientes terminais.

Continua ela dizendo que geralmente impomos as condições mais duras àqueles que mais amamos.

O processo de abandonar condições e expectativas é extremamente difícil, porque, desde que nascemos, nos ensinaram o amor condicional.

Seríamos amados se fôssemos dóceis, obedientes, estudiosos, bem-comportados e por aí adiante. Havia sempre um “se”.

A escritora ainda afirma que uma das poucas ocasiões em que recebemos amor incondicional é quando nossos filhos são bem pequenos.

Eles não se importam com nosso status, o nosso dinheiro ou as nossas realizações. Eles simplesmente nos amam.

Somos nós que acabamos lhes ensinando a colocar condições no amor quando os recompensamos ao sorrir, tirar boas notas e ser o que queremos que eles sejam.

Se amássemos nossos filhos apenas um pouco mais incondicionalmente, por um pouco mais de tempo, talvez pudéssemos criar um mundo muito melhor para se viver.

*   *   *

A proposição de Kübler-Ross pode parecer um clamor utópico, é certo.

Uma realidade ainda muito distante, tendo em vista o nível de nossos relacionamentos atuais no mundo. Mas que isso não nos impeça de começar a trabalhar em prol dessa conquista.

Talvez a primeira tentativa esbarre no sentimento do medo, do medo de não ser correspondido, de não ser reconhecido.

Mas, ao compreender que a alegria, a gratificação que procuramos, está sobretudo no dar e não no receber, perceberemos que mesmo o gesto de amor que parece não ter sido identificado, quem dera retribuído, nos preenche, nos faz um bem muito grande.

O maior beneficiado do amor incondicional é sempre seu doador. Quando se acende uma lâmpada – disseram um dia – a primeira superfície que se ilumina é ela mesma.

Está aí a recompensa do amor.

O criador, quando na intimidade de seu universo infindo, deu vida ao amor, fê-lo autossustentável. Em sua essência ele não apresenta condições.

Lembremos de uma situação em que pudemos fazer um bem a alguém. Uma felicidade que tenhamos proporcionado, ou um pequeno favor que seja.

Recordemos do prazer sentido, do sentimento talvez indescritível de tranquilidade, de uma certa paz.

Pois é esse sentimento que a natureza plantou em nosso íntimo, para que procurássemos o bem, para que procurássemos o amor.

É a lei de amor se manifestando em uma de suas milhares de formas.

Busquemos, assim, o amor sem exigências, sem cláusulas, e nos deleitemos com a felicidade de amar.

*   *   *

Nossos filhos merecem nosso amor, independentemente se são bons filhos, se vão bem na escola, se são obedientes.

Na função de cocriadores, missão divina recebida, nosso compromisso maior está em amar.

Grande parte dos distúrbios, dos desequilíbrios trazidos pelos Espíritos em suas novas empreitadas terrenas, consegue suavização apenas através do amor.

Precisamos mostrar aos nossos rebentos que são amados.

Para isso, cabe a cada pai, a cada mãe, a busca pelo aprimoramento na arte de formar caracteres, a busca pelo estudo que lhes orientará sobre a melhor forma de colocar seu amor em prática.

 

Redação do Momento Espírita, com base no
livro
Os segredos da vida, de Elizabeth Kübler-Ross e
David Kessler, ed. Sextante.
Em 23.5.2014.

 

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