Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone Misericórdia na Justiça Divina

Muitas pessoas falam de forma equivocada a respeito da justiça de Deus, talvez por desconhecerem a grandeza das Leis Divinas, que são justas, sim, mas também de misericórdia.

Deus, que é a bondade suprema, não quer punir os Seus filhos, mas fazer com que caminhem em Sua direção, no rumo da felicidade tão desejada.

Enquanto os homens julgam os fatos pelas aparências e circunstâncias do momento, a Justiça Divina abrange um contexto muito mais amplo.

E as Leis Divinas consideram sempre a intenção que move os atos, nunca os atos em si mesmos.

No filme nacional intitulado Auto da Compadecida, uma comédia que retrata a vida dos habitantes do sertão nordestino, há uma cena extremamente comovedora. É o momento em que o personagem João Grilo e outros conterrâneos estão sendo julgados num tribunal do Além, e, como está prestes a ser enviado para o inferno, João Grilo apela para Nossa Senhora, mãe de Jesus.

Maria de Nazaré, interpretada pela atriz Fernanda Montenegro, aparece no tribunal e diz a Jesus: Intercedo por estes pobres, meu filho, que não têm ninguém por eles.

É preciso levar em conta a pobre e triste condição do homem.

Os homens começam com medo, coitados, e terminam por fazer o que não presta, quase sem querer... é o medo.

Medo de muitas coisas... do sofrimento, da solidão, e, no fundo de tudo, medo da morte...

A Mãe Santíssima, compadecida com a miséria daquele pobre nordestino, que prestava contas de seus atos no Além-túmulo, apela para o coração magnânimo do Filho, em favor do desafortunado.

Fala que ele teve que se acostumar com o pouco pão, com a fome, com a seca que castiga o solo, desde muito cedo. Lembra que ele teve que abrir mão da infância para trabalhar desde menino. E quando não podia mais suportar o fardo sobre os ombros... rezava.

A cada vez que a terra se partia por falta de chuva, ele se juntava a um grupo de retirantes e se ia, para voltar de novo, com os primeiros pingos d'água, como se a esperança fosse uma planta que nascesse com a chuva.

Retirando a alegoria e a forma fantasiosa que o cinema permite, podemos dizer que o filme reflete um pouco da realidade.

O Pai Maior sempre leva em conta os motivos dos nossos tropeços e considera nossa real capacidade de autossuperação.

A misericórdia Divina compreende nossos medos, nossas fraquezas, nossa falta de fé.

E não se pode conceber um pai que deixa seus filhos padecer a mais dolorosa miséria só para os infelicitar.

Todas as situações, pelas quais Deus nos permite passar, sempre têm o objetivo de nos fazer crescer e aprender a viver.

Naturalmente, o Criador conhece nossos pensamentos e sentimentos mais secretos, por isso não adianta tentar inventar desculpas para os atos praticados com maldade e egoísmo.

Dessa forma, não raro, o que para os homens parece não ter perdão, é perfeitamente desculpável diante da Justiça Divina, e vice-versa.

*   *   *

Nas horas em que a dúvida se fizer presente, busque o auxílio de Jesus, Ele lhe mostrará a verdade.

Quando a esperança tentar fugir pela janela, confie suas preocupações ao Sublime Pastor, que nunca abandona Suas ovelhas.

E se alguma vez você der um mau passo, que seja por fragilidade e nunca pelo desejo do mal.

Se agir assim, tenha a certeza de que sempre haverá alguém que intercederá por você, em nome da misericórdia e do amor.

Redação do Momento Espírita.
Em 17.9.2003.

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998