Graças ao sentimento de fraternidade, somos muitos os que nos movimentamos para amenizar o fardo das pessoas socialmente carentes.
Criamos associações de bairro, com intuito de somar esforços para minorar as lutas dos mais necessitados.
Temos ainda, as instituições filantrópicas de cunho religioso, as organizações não governamentais e outras tantas que trabalham em prol dos semelhantes.
Isso demonstra que o ser humano está mais sensível aos sofrimentos alheios. É um bom sinal.
Todavia, seria importante refletirmos um pouco em como estamos praticando o que chamamos caridade.
Sabemos que o necessitado é nosso irmão de caminhada. Mas, será que o estamos tratando como tal?
Por vezes, nos dizemos revestidos de boas intenções, mas tornamos mais penoso o sofrimento daqueles a quem nos propomos ajudar.
Damos a esmola com tanta soberba que ela chega às mãos do necessitado como se fosse uma brasa incandescente.
Nas associações estabelecidas, oferecemos alimentação ao assistido, mas não nos sentamos com ele à mesa, não compartilhamos das mesmas louças e talheres, como se a pobreza fosse contagiosa.
Isso se torna mais grave quando, ao buscarmos praticar a beneficência, o fazemos em nome de Deus.
Se exigirmos que a pessoa professe nossa religião para receber o pão, o agasalho, o cobertor, estamos nos esquecendo de que o Homem de Nazaré prescreveu fazer o bem sem olhar a quem.
Jesus não perguntava às pessoas que lhe buscavam o auxílio qual era a sua crença, seus objetivos de vida, sua condição moral. Simplesmente ajudava.
Ao exemplificar o amor ao semelhante, brindou-nos com a extraordinária parábola do bom samaritano. Aquele que ajuda, que ampara, que providencia o de que o outro necessita.
Indagação alguma: O que fazia naquele caminho? Era pobre ou rico? Costumava orar? Era religioso?
É importante que repensemos como temos exercido a assistência e promoção social.
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Se nos propomos a ajudar a alguém em nome de Deus, façamos com afeto e fraternidade. É nosso irmão esse a quem atendemos.
Lembremos que devemos ser gratos por sermos aqueles que podem oferecer algo ao outro.
Algo do nosso supérfluo, do nosso voluntariado, da nossa vontade de servir.
Se nos for possível, convertamos a esmola em emprego, dando oportunidade de crescimento àqueles que estão em situação menos favorável.
Não mantenhamos os necessitados dependentes da nossa esmola, das nossas doações.
A caridade, para ser efetiva, deve ter o contributo do coração. Um sorriso, um aperto de mão, um gesto de carinho, um minuto de conversa.
O que Deus espera que façamos, em seu nome, é promover o ser humano e dar-lhe condições de viver com dignidade.
Fazer caridade em nome de Deus, portanto, é coisa muito séria, pois, se não tomarmos os devidos cuidados, afastaremos as criaturas do Criador ao invés de aproximá-las dEle.
Lembremos que Deus conta com as nossas mãos, na face do planeta, para atender aos nossos irmãos.
Redação do Momento Espírita
Em 3.6.2023.
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