Pai, que gosto têm as nuvens? – Perguntou o garotinho de sete anos, do banco de trás do carro.
Era um lindo dia de sol. O céu azul fazia um fundo luminoso para as brancas nuvens que desfilavam lentamente pelo espaço.
O pai foi pego de surpresa. Sua mente não estava nas nuvens. Estava no trânsito, nas coisas a fazer, nos problemas a resolver.
A força da gravidade exercida sobre o pai não era a mesma que atraía o filho para o centro da Terra.
O menino pensava no gosto das nuvens... O pai pensava em chegar logo em casa.
Mas, certas perguntas das crianças têm poderes mágicos! E essa fez com que ambos, pai e filho, desejassem estar mais próximos das formações nebulosas do céu de anil.
O pai sorriu. Adorou a pergunta. Não era nada lógica, e seu dia havia sido cem por cento lógico, racionalizado.
Ele topou o desafio e flutuou com o filho pelos ares, naquele final de tarde ensolarado.
E os dois começaram a apresentar suas ideias...
O pai partiu do conhecimento que tinha e falou do vapor d’água. O menino não gostou muito da proposta e, logo estavam em outro mundo, falando de algodão doce, de lã, e tantas outras coisas maravilhosas que foram surgindo por ali.
O filho terminou dizendo, categórico: É, pai, acho que as nuvens têm gosto de branco.
Acho que você está certo, meu filho... Acho que você está muito certo...
Ao final da conversa, estavam gargalhando e pousaram de volta dentro do carro, a caminho de casa.
O pai gostou tanto da brincadeira e estava tão feliz que, quando estavam quase chegando, voltou-se para o filho e perguntou: Filho... Que cheiro será que tem o sol?
* * *
Há tantas maneiras de se ajuntar tesouros no céu!
A orientação segura de Jesus em Seu Sermão do Monte, diz respeito aos tesouros das boas obras, das produções do bem, que nos levam ao enriquecimento moral.
Os tesouros da terra são frágeis realmente. Vemos isso todos os dias. Pequenas quantias, quanto grandes fortunas mudam de mãos, em um piscar de olhos, das mais diferentes formas possíveis.
Porém, o tesouro dos sentimentos nobres, representado por Jesus, pela palavra coração, esse é indestrutível, não muda de mãos, pois nem sequer está nas mãos. É como o gosto das nuvens.
Breves instantes de alegria, de conversa amigável com um filho, a esposa, o pai, é tesouro que as traças nem a ferrugem consomem.
Assim, não permitamos que a agitação dos dias nos leve para longe de nós mesmos, nos leve para longe de nossos amores, pois sabemos que, muitas vezes, estamos próximos fisicamente, mas muito distantes...
Reservemos tempo para os passeios pelas nuvens, para os instantes de descontração, sem a ameaça da contagem regressiva de um relógio.
Descobriremos que as nuvens têm um gosto maravilhoso, que o sol tem um perfume sem igual, e que as risadas de nossos amores ficam gravadas n’alma por toda a eternidade – tesouros do coração.
Pai, que gosto têm as nuvens?
Redação do Momento Espírita.
Em 31.3.2014.
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