Ainda ontem aquela mãe brincava com as duas filhas. Mas isso foi ontem. Hoje, o quadro é bem diferente: um corpo nu, estirado sobre a mesa fria de um necrotério. A “causa mortis” foi um tumor cerebral provocado pela nicotina.
O homem era um eminente advogado. Agora está hirto, recostado na cama de um hospital, com os olhos vidrados, fixos no espaço. Na realidade, não olha para lugar nenhum – está morto. Falha cardíaca é o que dirá a certidão de óbito. A autópsia revelou que o coração do advogado estava normal; não se notou evidência de trombose. No entanto, ele já tinha sido avisado para não fumar, uma vez que se encontrava sob vigilância médica, devido a uma grave anomalia cardíaca, conhecida como angina péctoris.
Mas o advogado era incapaz de resistir às tentações e, de vez em quando, acendia o seu cigarrinho proibido.
Casos como esses acontecem em grande número. E se a autópsia fosse obrigatória em nosso país, perceberíamos que o cigarro tem feito mais vítimas do que se pensa.
E o problema não é recente.
No ano de 1971, o relatório da Real Ordem dos Médicos da Grã-Bretanha dizia: O cigarro é atualmente responsável por tantas mortes como o foram as grandes epidemias de febre-tifóide, a cólera e a tuberculose, que tanto afetaram as gerações passadas deste país.
Estamos assistindo ao começo de uma das maiores catástrofes da história da medicina. Essa foi a opinião, no ano de 1973, de eminentes autoridades do Ministério da Saúde da Dinamarca, país onde a autópsia é obrigatória em todos os casos.
Não há dúvida de que a nicotina é uma substância perigosa.
Na primeira grande Conferência Mundial Sobre Fumo e Saúde, em setembro de 1967, na qual tomaram parte 34 países, a opinião geral era a de que a presumível ação da nicotina poderia relacionar a dependência do fumo com outras formas de dependência consideradas muito perigosas, como as da heroína e do álcool.
A possível explicação para o poder mortífero da nicotina é que ela pode atuar quimicamente de tal modo que, debilitando os órgãos, facilita a invasão de inúmeros agentes cancerígenos, de substâncias venenosas e de elementos poluidores dos pulmões, tudo isso através da fumaça dos cigarros.
Os fumantes inveterados costumam dizer que isso é irrelevante, uma vez que todos teremos que morrer um dia; então a causa não importa muito.
Mas a realidade é que não morremos. Deixamos o corpo físico e não saímos da vida, podendo, dessa forma, contemplar o triste espetáculo dos afetos que deixamos por causa do vício.
Qual pai ou mãe que, por pouco responsável que seja, não sentirá arder a consciência ao perceber os filhos na orfandade, sofrendo necessidades de toda ordem, por causa do suicídio provocado pelo vício do fumo?
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Embora a maioria dos fumantes não faça a mínima idéia disso, a substância que inalam quando dão uma tragada, é um venenoso alcalóide, de fórmula química C10H14N2, e que está classificada farmacologicamente como uma substância tão letal para os nervos, que uma injeção de apenas uma gota pode provocar morte instantânea.
O monóxido de carbono tem, na fumaça dos cigarros, uma concentração que é, pelo menos, mil vezes maior do que a considerada suportável na atmosfera.
Assim sendo, se você que fuma se importa com os filhos e outros afetos, não os faça passar pela dor provocada pelo suicídio voluntário e lento que é o hábito de fumar.
Redação do Momento Espírita, com base em artigo publicado
pela Revista Seleções do Reader’s Digest, de dezembro de 1973.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 1, ed. Fep.
Em 05.01.2009.