A música, dentre todas as expressões artísticas, é a mais misteriosa.
De que maneira sons combinados são capazes de nos despertar alegria, tristeza, ternura? De que maneira são capazes de evocar as mais doces lembranças, os sentimentos mais profundos de nossas almas?
Uma antiga paixão, um pôr-do-sol especial, um momento de despedida ou de reencontro. Um velho amigo, uma ocasião festiva, lágrimas de solidão. Instantes únicos guardados em nossa memória e que são evocados através de uma música.
Utilizando-se de relações matemáticas, o filósofo grego Pitágoras construiu uma escala musical baseada em razões simples entre números inteiros.
De acordo com o pensador, todas as proporções geométricas existentes na natureza também podem ser descritas em razões numéricas. Logo, em tudo o que nos cerca há musicalidade, há melodia.
Ainda assim, e considerando que à época de Pitágoras acreditava-se que a Terra era o centro do Cosmo, era certo para o pensador de que as esferas guardavam proporções de distância fixas entre si.
Logo, também entre os astros havia melodiosidade. A chamada Música das esferas.
Os séculos se sucederam. O homem conheceu o sistema heliocêntrico.
O cientista Johannes Kepler, nascido na Alemanha, em 1571, obteve três leis gerais que descrevem o movimento dos planetas.
Através da observação dessas leis, Kepler deduziu os intervalos musicais para cada astro.
Ele propôs serem eternos os sons de cada orbe, a variar continuamente entre o som mais grave e o mais agudo da escala musical de cada um deles.
Os movimentos dos céus não são mais que uma eterna polifonia, afirmou o cientista.
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Aos ouvidos e olhos mais atentos, tudo o que nos cerca é música, poesia, arte, harmonia, beleza.
Você já parou hoje um instante para ouvir a melodia daquilo que nos cerca?
Embora as guerras, a violência gratuita, os grandes sofrimentos, as desigualdades sociais sejam, muitas vezes, para nós nada além de ruídos desafinados, em tudo encontramos a sempre presente harmonia da Criação.
Basta que ouçamos e vejamos com os ouvidos e com os olhos da alma, do coração, do amor.
Onde há guerra, orquestremos a sinfonia da paz.
Onde há mágoa, executemos a sinfonia do perdão.
Onde há sofrimento, cantemos a melodia da esperança.
Onde há solidão, arpejemos as notas da amizade.
Onde há medo, construamos os acordes da fé.
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É necessária muita sensibilidade para se ouvir as notas da melodia da vida.
A cada passo que damos em direção ao progresso, novas harmonias são acrescentadas, novas vozes, novos instrumentos.
Novos são os desafios, as oportunidades, os começos e recomeços.
Muda-se o compasso, muda-se o tom, alternam-se momentos de sons com os de silêncio... Mas sempre se vai adiante, a melodia não retrocede jamais.
Por isso, embora as dificuldades inerentes à caminhada de cada um, jamais fechemos os olhos àquilo que nos cerca.
Sintamo-nos parte desse todo, desse equilíbrio, dessa música universal.
Mais do que isso, nos sintamos co-criadores da melodia da vida, pois o Grande Maestro conta conosco na execução das notas harmônicas da Criação.
Redação do Momento Espírita.
Em 1.2.2014.
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