É necessário que venha o escândalo; mas ai do homem por quem o escândalo venha.
Essas palavras de Jesus têm feito muitos cristãos se questionarem sobre a aparente contradição que encerram.
Em primeiro lugar não se entende porque o escândalo é necessário. Em segundo, se é necessário, por que quem o comete será punido?
Esses ensinos do Mestre são perfeitamente lógicos, levando-se em consideração o estágio evolutivo da Terra, e a Lei de Causa e Efeito.
Em outras palavras, como é que as Leis Divinas corrigiriam os equivocados, senão lhes permitindo sofrer a consequência dos próprios atos?
Quando Pedro desembainha a espada para cortar a orelha do soldado romano, Jesus adverte: Pedro, embainha tua espada. Quem com a espada fere, pela espada será ferido.
Considerando-se que escândalo signifique mau exemplo, princípios falsos, abuso do poder, enfim tudo o que leva o homem à queda, a compreensão não se faz difícil.
Talvez um exemplo elucide melhor a questão.
Um assassino que tirou, de forma violenta, a vida de seus semelhantes, certamente deverá sofrer a reação dessa violência, pois receberá segundo suas obras.
A violência pela qual ele haverá de passar, nesse caso, e o escândalo necessário.
Mas não é preciso que outro homem seja o motivo desse escândalo, matando-o de forma violenta.
Deus possui outros recursos que não a mão do homem para fazer com que as Leis se cumpram.
Mas, se o homem se faz objeto do escândalo, ai dele, pois receberá, a seu turno, a reação do seu ato de insânia.
Alguns dirão: Sendo assim, o mal é necessário e durará sempre, porque, se desaparecesse, as Leis Divinas se veriam privadas de um poderoso meio de punir os culpados. Logo, é inútil cuidar de melhorar os homens.
Todavia, deixando de haver culpados também desnecessárias se tornariam quaisquer punições.
Suponhamos que a Humanidade se transforme e passe a ser constituída de homens de bem: ninguém pensará em fazer o mal ao seu próximo e todos serão ditosos por serem bons.
Essa é a condição dos mundos elevados, donde já o mal foi banido. Assim virá a ser a Terra, quando houver progredido o bastante. E, desnecessário será o escândalo.
Quando os homens compreenderem as Leis que regem o universo moral, a elas se ajustando, não haverá mais necessidade de haver escândalos, ou seja, de haver sofrimentos. E isso não é de se lamentar.
* * *
A maldade não é um estado permanente dos homens; ela decorre de uma imperfeição temporária e, assim como a criança se corrige dos seus defeitos, o homem mau reconhecerá um dia os seus erros e se tornara bom.
Não sendo o mal de origem Divina, será arrancado da face da Terra como o próprio Cristo afirmou: Arrancada será toda a árvore que meu Pai não plantou.
Redação do Momento Espírita, com base
no item 11, do cap. VIII, de O Evangelho segundo
o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 6.1.2014.