O psiquiatra Roberto Shinyashiki, em sua obra Pais e filhos - companheiros de viagem, aborda a questão da gratidão.
Diz ele que na Índia, alguns mestres ensinam que a pessoa iluminada é aquela que vive em estado de gratidão.
É iluminado quem sabe reconhecer a beleza de um olá e de um adeus, do sol e da chuva, do dia e da noite, porque todos os acontecimentos e todas as pessoas trazem uma oportunidade de crescimento.
Se o marido agradece à sua esposa por ter-lhe mostrado sua falta de paciência com os filhos, ele reconhece quanto os dois estavam sintonizados e garante a possibilidade de tais situações de sintonia se repetirem.
Assim a vida, por vezes, tem formas muito incomuns de nos permitir realizar algumas coisas.
Conta o ilustre psiquiatra que, há alguns anos, o sítio de sua família foi assaltado, várias vezes. A família dava queixa à polícia mas os assaltos continuavam.
Certo dia, o Dr. Roberto recordou-se de que um primo de seu pai era investigador numa cidade próxima. Como não o via há muito tempo, pediu a seu pai que falasse com o primo a fim de que ele, junto com os seus amigos policiais, encontrassem uma solução para o caso.
Os meses se passaram e um belo dia, os assaltantes foram presos. A cidade voltou à calma, os assaltos ao sítio cessaram e o Dr. Roberto sentiu uma grande vontade de agradecer ao policial que havia cuidado do caso.
Por isso, planejou um almoço com toda a família, incluindo seu pai, o primo e o policial. Foi o pai quem acabou auxiliando para que toda a grande família fosse convidada, não ficando ninguém esquecido.
Há que se dizer que o genitor ficou muito feliz com a ideia. Todos os dias que antecederam o almoço, ele ligava para o filho, acertando detalhes da organização e incluindo mais alguém na lista de convidados.
Foi um domingo especial. O sítio estava lotado de pessoas importantes para os seus corações e Dr. Roberto agradeceu ao policial pelo seu empenho na solução do caso.
Depois, ele e o pai saíram para uma longa caminhada. Cada um falou a respeito da sua vida, das suas experiências. Ao final, o pai disse da sua satisfação com a realização daquele almoço e expressou o orgulho de ser seu pai.
Quando, no cair da tarde, o pai se retirou, Dr. Roberto chamou os filhos para que abraçassem e se despedissem do avô.
Depois, eles mesmos se demoraram em um abraço. Foi, sem dúvida, um dia maravilhoso.
Naquela noite, Dr. Roberto e a esposa foram ao teatro. Quando estavam retornando para casa, o telefone tocou. Era sua irmã lhe informando que o pai havia morrido.
Mesmo sentindo uma grande dor pela separação do pai, ele sentiu uma enorme sensação de paz.
E se deu conta que fora graças à ação de alguns ladrões que ele havia recebido, no dia mesmo da desencarnação de seu pai, o melhor abraço de sua vida, a bênção final.
* * *
Às vezes, precisamos de algum tempo para entendermos as razões de certos acontecimentos de nossas vidas.
É importante, contudo, que prestemos atenção em todos eles e, antes de reclamar, dessa ou daquela circunstância que nos pareça ruim, aguardemos.
Possivelmente, o tempo nos mostrará como tudo foi exatamente planejado pela Divindade a fim de nos beneficiar a existência.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Ecologia
doméstica, item Agradecer, do livro Pais e filhos - companheiros de
viagem, de Roberto Shinyashiki, ed. Gente.
Em 8.1.2014.
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