Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone A melhor oração

Conta-se que um religioso viajava de navio, quando observou que um camponês falava aos demais passageiros.

Ele apontava para uma ilhota à frente, dizendo que lá moravam três eremitas.

O religioso ficou curioso por conhecê-los e insistiu junto ao capitão para que baixasse um barco que o conduzisse até a ilha. Quando chegou, os três eremitas se curvaram diante dele, em sinal de respeito.

O primeiro deles era alto e vestia somente uma tanga. O segundo, um pouco mais baixo, uma túnica bastante gasta e o terceiro, mais idoso, curvado, usava uma velha batina.

O sacerdote lhes perguntou como eles oravam a Deus, ao que o mais velho respondeu:

Nós não sabemos senão erguer os olhos ao céu e dizer: “Senhor, nós somos três, tende piedade de nós.”

Então, falou o religioso, prestem atenção que vou lhes ensinar.

E passou a explicar aos três atentos ouvintes as palavras que deveriam dizer: Pai Nosso..

Assim foi frase a frase dita e repetida, muitas e muitas vezes.

O religioso, incansável, não os largou até que conseguiu que eles memorizassem toda a oração.

Escurecia. A lua começava a despontar sobre as águas quando o sacerdote se levantou para retornar ao navio.

Eles ficaram na praia, de mãos dadas, repetindo alto a divina oração, a três vozes.

O navio levantou âncora e seguiu adiante. Aos poucos, os eremitas e a ilhota desapareceram na distância, e ficou somente o mar brincando à luz do luar.

Todos no navio foram dormir, menos o sacerdote, que ficou pensando na alegria dos eremitas por terem aprendido a orar a Deus corretamente.

De repente, ele percebeu algo brilhante e esbranquiçado numa coluna sobre as ondas.

Notou que alguma coisa corria, tentando alcançar o navio.

Não parecia barco, nem peixe. Parecia um ser humano, grande:

Meu Deus! Os eremitas estão correndo atrás do navio, em pleno mar, como se fosse solo seco.

Os passageiros despertaram. O capitão deu ordens para que o navio parasse. Quando os três alcançaram a embarcação, aproximaram-se da borda, levantaram a cabeça e a uma só voz falaram:

Servo de Deus, nós esquecemos. Enquanto estávamos recitando, lembrávamos. Mas, ao parar de recitar por um momento, escapou-nos uma palavra e daí esquecemos tudo. Ensine-nos de novo.

O religioso se inclinou para eles e, emocionado, respondeu:

Santos eremitas. A sua oração chega a Deus e não sou eu que devo ensiná-los. Orem vocês por mim.

E se ajoelhou diante deles.

Os eremitas deram meia volta e retornaram andando sobre o mar. Uma aura de luz ficou brilhando até o amanhecer, na direção para onde se dirigiram.

*   *   *

A oração é o sussurro espontâneo da alma ao seu Criador. É o diálogo do filho ao Pai generoso e bom.

E como toda fala entre um pai e seu filho, não há necessidade de palavras especiais, ensaiadas ou decoradas. O Pai se dispõe a ouvir e o filho fala. Depois, o filho se cala e o Pai lhe segreda ao coração a melhor sugestão para resolver a sua dificuldade ou, simplesmente o estreita ao peito, dizendo do Seu grande amor e lhe segreda: Não tema, meu filho. Estou sempre ao seu lado. Amo você.

 

Redação do Momento Espírita, com base no cap. II, do
livro
Onde existe amor, Deus aí está, de Leon Tolstoi, ed.Verus.
Em 4.1.2014.

 

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