Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
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ícone Mágoa sem razão

O rapaz ia muito mal na escola. Suas notas e seu comportamento eram uma decepção para os pais, que sonhavam vê-lo adentrar a universidade.

Buscando uma estratégia, o pai propôs que se ele mudasse seu comportamento, se dedicasse aos estudos e entrasse para a faculdade, lhe daria um carro de presente.

O rapaz desejava muito um carro e, por causa disso, começou a estudar como nunca. Também mudou seu comportamento para melhor.

Uma única preocupação tinha o pai, agora. Ele sabia que a mudança do rapaz não era fruto de uma conversão sincera, mas apenas pelo interesse em obter o automóvel.

Para ele, um homem íntegro, era algo ruim.

Porém, ele propusera o acordo e o rapaz o estava seguindo à risca.

Finalmente, ele foi aprovado no vestibular e entrou para o curso que escolhera: Medicina.

Foi preparada uma festa para comemorar, junto aos familiares e amigos.

E, o momento mais aguardado pelo jovem era receber as chaves do carro.

No auge da festa, o pai pediu a atenção de todos, elogiou o resultado obtido pelo filho e lhe passou às mãos uma caixa, muito bem embrulhada.

Acreditando que ali estavam as chaves do automóvel, o rapaz abriu, emocionado, o pacote. Para sua surpresa, era uma bíblia.

Visivelmente decepcionado, nada disse. Retirou-se dali, de imediato. E, a partir desse dia, o silêncio e a distância separaram pai e filho.

O jovem se sentia traído. Lutou para se tornar independente. Abandonou a casa dos pais. Raramente mandava notícias para a família.

O tempo passou, ele se formou, conseguiu emprego em um hospital e se esqueceu completamente do pai.

Todas as tentativas do pai para reatar os laços afetivos foram em vão.

Os anos rolaram. Então, um dia, o velho, muito triste com a situação, adoeceu, não resistiu e morreu.

No enterro, a mãe entregou ao filho indiferente, a bíblia, que tinha sido o último presente do pai e que havia sido deixada para trás.

De volta à sua casa o rapaz, que nunca perdoara o gesto paterno, ao jogar o livro sobre a mesa, verificou que um envelope apareceu, dentre as páginas.

Curioso, abriu-o. Havia uma carta e um cheque. A carta dizia:

Meu querido filho, sei o quanto você deseja ter um carro. Prometi e aqui está o cheque para que você escolha o carro que mais lhe agradar.

No entanto, fiz questão de lhe dar um presente ainda melhor: a bíblia, pois nela aprenderá o amor de Deus pelas Suas criaturas e a fazer o bem, não pelo prazer da recompensa, mas pela gratidão e pelo dever de consciência.

Corroído de remorso, o filho caiu em profundo pranto...

*   *   *

Atitudes precipitadas quase sempre têm como consequência ações que causam dor.

Por vezes, bastaria termos um pouco de paciência para ouvir tudo o que o outro tem a dizer. Ou, como no caso em pauta, teria sido suficiente abrir a bíblia, para encontrar o presente.

Ou então, indagar, por que receber um livro se o prometido fora um carro.

Uma pergunta, menos precipitação e tudo seria explicado.

Quantas vezes não teremos criado situações desagradáveis, por não esperarmos um pouco, por não pedirmos uma explicação, por não ouvirmos o outro.

Pensemos a respeito.

Redação do Momento Espírita com base
 em narrativa de autoria desconhecida.
Em 17.1.2022.

 

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