Momento Espírita
Curitiba, 25 de Novembro de 2024
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Você já esteve em algum velório? Há muita gente que diz detestar velórios. É deprimente! – Contam. –  Uma choradeira sem fim. – Dizem outros. Quando eu morrer, não quero nada disso, enterrem-me logo. – Pedem alguns.

O velório é um sagrado dever de solidariedade, em que os amigos ofertam conforto à família. É também o período em que, a pouco e pouco, os Espíritos do bem irão desatando os laços que unem o Espírito ao corpo agora morto, para sua total libertação. É um momento solene importante.

Infelizmente, poucos sabemos nos portar de forma correta em um velório.

Antigamente, havia as carpideiras, que expressavam gritos e lamentos e sua aflição. Enquanto enumeravam as virtudes do falecido, profissionais da dor, tanto mais choravam, quanto mais importante fosse o morto.

Hoje parece que chegamos ao extremo oposto em que o velório é encarado como uma reunião social. Os velhos amigos se reencontram e põem a conversa em dia. Os parentes tornam a se ver e também colocam em dia as novidades. Contam-se piadas, fala-se de futebol, política, sexo, modas. Não há sequer, a preocupação em baixar o tom de voz. E a zoeira vai ficando maior, a medida que se aproxima a hora do enterro. Porque um número maior de pessoas vai se concentrando.

O falecido é lembrado por alguns com palavras elogiosas. Morreu, virou santo. – Diz o povo. Mas há sempre quem lembre das infelicidades cometidas por ele. Brincadeiras e fofocas proliferam.

Tudo isso é desconfortante para o Espírito, não totalmente desligado do corpo. Preso ainda à residência corporal, transformada em ruína pela morte, ele recebe o impacto das vibrações desrespeitosas e negativas, que o atingem de forma penosa.

Principalmente as de caráter pessoal. Sofre assim o Espírito, embora muitas vezes se encontre em estado de inconsciência.

É interessante que se comece a pensar no velório como uma sala de tratamento intensivo, onde delicadas operações se estão processando e auxiliar o Espírito desencarnado, com respeitoso silêncio.

Nosso conceito de o que fazer, e como fazer em tal situação deve mudar. Ambiente calmo, que convide à oração. Conversas em voz baixa, de assuntos edificantes. Se nada tiver que possa falar de bem a respeito do que partiu, limitar-se a calar. Nem mentiras, também não recordações das suas más ações, que o prejudicam agora, infelicitando-o. Basta-lhe a própria consciência a lhe dizer dos erros cometidos.

Sala simples onde só as flores da sinceridade se encontrem, não o exagero que o dinheiro compra, mas o coração não participa.

Que a oração seja sempre lembrada e, no decorrer das horas, os familiares, os amigos sejam convidados a se unirem em prece pelo Espírito que se está libertando.

Para os que permanecem, os afetos, os abraços de carinho, fraternos, o aperto de mão amigo que expressa: Conte comigo, estou ao teu lado.

 É dolorosa a hora da separação pela morte. Possivelmente, um dos transes mais dolorosos na face da Terra. Por isso mesmo, o apoio dos verdadeiros afetos e a  solidariedade se fazem tão importantes.

Um dia, também estaremos deitados numa urna mortuária, e, se ainda presos às impressões da vida física, desejaremos ardentemente que nos respeitem a memória. Não perturbem nosso desligamento.

Desejaremos que nos amparem com os valores do silêncio e da oração, da serenidade e da compreensão, a fim de que possamos atravessar com segurança os umbrais da vida eterna.

*   *   *

A vida continua e com a vida o amor cresce, cada vez mais, fortalecendo os laços que nos santificam as esperanças.

 

Redação do Momento Espírita, com base no
cap. 21 a 23 do livro
Quem tem medo da morte?,
de Richard Simonetti, ed. Gráfica São João, e do verbete Amor,
do livro
Dicionário da alma, por Espíritos diversos, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
Em 20.11.2013.

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