De maneira clara, percebemos que a tecnologia vem, a passos largos, diminuindo o tempo para se fazer muitas coisas.
Analisemos quanto tempo gastávamos na cozinha, quando não se dispunha de tecnologia para processar alimentos.
Se havia carne na refeição, era porque o abate fora feito no quintal da própria casa, e as verduras vinham da horta plantada ao fundo.
Quanto tempo levávamos para nos comunicar com alguém distante?
Era o tempo de escrever o texto manualmente, refazê-lo algumas vezes, quando encontrávamos algo grafado errado, postar a carta nos correios, e esperar o longo tempo de entrega ao destinatário.
E quando desejávamos uma informação, um dado qualquer, um texto informativo para o trabalho profissional ou escolar?
A busca da fonte segura, em alguma biblioteca especializada, levava o tempo do deslocamento, a dificuldade em se obter cópia das informações, longo tempo de transcrição.
Hoje, a velocidade necessária para essas e tantas outras atividades tornou-se muito pequena, e temos a impressão de que tudo pode se obter de maneira rápida, imediata, quase que instantânea.
Assim, não é de se estranhar que, aqueles que nasceram a partir da década de noventa, que já contavam com os computadores pessoais incorporados ao seu cotidiano, tenham, algumas vezes, a falsa impressão de que tudo é rápido, fácil, sem dificuldades.
Criaram a ilusão de que a velocidade da tecnologia atinge a tudo, e também a todos.
Esquecem eles, e quase todos nós, que a tecnologia avançou e nos ofereceu conforto, diminuindo as velocidades externas.
Iludidos com a capacidade tecnológica do mundo, esquecemos que as velocidades internas permanecem as mesmas e que ainda é necessário o esforço pessoal para as conquistas da mente e do coração.
Não raros são os que imaginam ser possível dispensar horas de estudo, esforço e dedicação para o aprendizado escolar.
Creem, falsamente, que os capazes, os inteligentes, os sábios, têm apenas um dom natural, e nenhum esforço a mais.
Acreditam que as horas de reflexão e análise, o exercício intelectual contínuo, ao longo dos anos, o sacrifício das longas horas dedicadas ao estudo, tudo isso é desnecessário.
Não se recordam que os grandes inventos são fruto do esforço pessoal; que o virtuosismo é a consequência de perseverantes horas de dedicação e estudo; que a beleza das apresentações artísticas requer intensos treinamentos e renúncias.
Portanto, se a tecnologia nos facilita e acelera as atividades cotidianas, as nossas conquistas permanecem sendo fruto do nosso esforço.
Assim, não nos iludamos que tudo seja fácil como o toque de um botão, e que o esforço e dedicação são virtudes hoje dispensáveis.
A velocidade de nossa mente e de nosso coração permanecem as mesmas, intocadas pela tecnologia.
E ainda aguardam, mente e coração, o empenho de cada um de nós para que se desenvolvam, ganhando amplitudes nos potenciais que guardamos em gérmen dentro de nós mesmos.
Redação do Momento Espírita.
Em 31.8.2013.
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