Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
mistério profundo
de tirá-la um dia?
Fosse eu rei do mundo,
baixava uma lei:
mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Como é bom ter uma mãe por perto... Um coração de ouro, um colo de algodão – como retrata tão bem a letra de uma canção.
Mãe não é quem dá a vida – seria uma explicação muito limitada, pequena.
Mãe é quem pode dar a sua própria vida a alguém.
Não se cria uma mãe no instante do parto. As mães são construídas pela infância, adolescência, juventude e vida adulta dos filhos.
Mães são belas esculturas moldadas pela dedicação dos anos, pelas preocupações e noites sem dormir, pelas renúncias...
São esculpidas pelas alegrias também... Quantas alegrias! Alegria de participar de cada conquista dos filhos, de cada vitória, de cada descoberta...
Mãe é uma planta florescida, exuberante, que um dia foi semente e germinou feliz.
Mães não nascem prontas. Prova disso é que muitas mulheres dão à luz, mas nunca se tornam verdadeiramente mães – uma pena...
Deus faz um convite. Felizmente, grande parte delas aceita, mas algumas ainda não. Essas são mulheres que tiveram filhos, apenas.
Mas precisamos falar das mães, dessas mães que não têm limite, que são tempo sem hora e luzes que não apagam. As mães dos versos do poeta Carlos Drummond de Andrade.
Em suas reflexões, o artista encontra, então, talvez sem querer, uma ideia que resolve a aflição, o problema, por ele mesmo levantado.
Se a morte só acontece com o que é breve e passa, ela nunca alcançará as mães, pois elas são eternidade!
Mães são imortais, não apenas nas memórias - que realmente nunca se apagam - mas são imorredouras por terem criado conosco um laço de amor.
O amor é a garantia da imortalidade das mães. É o amor que nos uniu na Terra e é ele mesmo que nos reunirá tantas e tantas vezes no Universo sem fim.
Filhos e mães se encontrarão muitas e muitas vezes...
Querido Drummond, Deus entendeu seu coração, Deus entendeu a súplica dos filhos que amam suas mães, e decretou, orgulhoso e firme:
Mãe não morre nunca.
Mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Redação do Momento Espírita, com base no poema Para sempre, de
Carlos Drummond de Andrade, do livro Lição de casa, ed. Companhia das
letras e citação de trecho da música Mãe, de Margareth Darezzo, do livro-cd
Canteiro, ed. Ática.
Em 16.7.2013.
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