Afinal, quem são nossos filhos, o que representam em nossas vidas e o que representamos nós na vida deles, além do simples relacionamento pais e filhos?
O que herdam de nós ao nascer?
São questões fundamentais trazidas por Hermínio Miranda, em sua obra Nossos filhos são espíritos.
O estudioso afirma que longe de respostas mais claras e objetivas, ou, pelo menos, de hipóteses orientadoras, o que observamos, no dia a dia das lutas e alegrias da vida, é diferente:
uma coletânea de clichês obsoletos, ou seja, ideias preconcebidas e cristalizadas que, de tão repetidas, assumiram status de verdades inquestionáveis.
Verdades que vamos aceitando meio desatentos, sem procurar examiná-las em profundidade.
Por exemplo: o Marquinho puxou o jeito enérgico da mãe, ou a Mônica herdou a inteligência do pai, ou o gosto da tia pelas artes plásticas, ou, ainda, o temperamento da avó Adelaide.
A primeira coisa a desaprender com relação às crianças é a de que elas não herdam características psicológicas, como inteligência, dotes artísticos, temperamento, bom ou mau gosto, simpatia ou antipatia, doçura ou agressividade.
Cada ser é único, em sua estrutura psicológica, preferências, inclinações e idiossincrasias.
Somente características físicas são geneticamente transmissíveis: cor da pele, dos olhos, ou dos cabelos, tendência a esta ou àquela conformação física etc.
Entra ainda a predisposição a esta ou àquela enfermidade, ou a uma saúde mais estável, traços fisionômicos e coisas dessa ordem.
Quanto ao mais, não. Pais inteligentíssimos podem ter filhos medíocres, tanto quanto pais aparentemente pouco dotados podem ter filhos geniais.
Pessoas pacíficas geram filhos turbulentos e vice-versa, pais desarmonizados produzem crianças excelentes, equilibradas e sensatas.
Qualquer um de nós poderá citar pelo menos uma dúzia de exemplos de seu conhecimento para testemunhar a exatidão dessas afirmativas.
Por isso, repetimos, cada criança, cada pessoa é única, é diferente, e embora possam ter duas ou mais, certas características em comum ou muito semelhantes, cada uma delas é um universo próprio, como que individualizado.
Até mesmo gêmeos univitelinos, ou seja, gerados a partir do mesmo ovo, trazem na similitude de certos traços físicos, diferenças fundamentais de temperamento e caráter.
Diferenças que os identificam com precisão, como indivíduos perfeitamente autônomos e singulares.
Definamos, portanto, um importante aspecto: os pais produzem apenas o corpo físico dos filhos, não o Espírito (ou alma) deles.
É fundamental que compreendamos que nossos filhos são Espíritos. São almas que trazem sua própria bagagem psicológica milenar, e que nascem em nosso lar por necessidade.
Necessidade de crescer, de aprender. Necessidade de corrigir equívocos; de ser referência, exemplo, num ninho doméstico despedaçado; necessidade de amar e ser amado.
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Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos.
O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo.
Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir.
Redação do Momento Espírita com base no cap. 2, do livro Nossos filhos
são Espíritos, de Hermínio Miranda, ed. Lachâtre e no item 8 do cap. XIV do
livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec,ed. FEB.
Em 6.8.2013.
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