Nesses dias em que se ouve falar de tanta violência...
Nesses dias em que assistindo as imagens televisivas de uma maratona, somos surpreendidos com cenas de destruição e morte, por explosões de bombas...
Nesses dias em que, por vezes, nos parece que o homem esqueceu que é um ser espiritual, que foi criado e é sustentado por amor...
Nesses dias em que o homem parece ter enveredado pelos caminhos do desamor e da insensatez, verificamos que o maior investimento deve ser dirigido à educação das crianças.
Sim, às gerações novas que ora despontam, crivadas de ideais de bondade, beleza e amor.
Basta olharmos nos olhos desses pequenos seres para descobrir o brilho das estrelas e o mistério das almas enobrecidas.
E são tantas pela Terra, espalhadas pelos cinco continentes, falando línguas diferentes, movendo-se em meio a expressões culturais diversas, mas com um sentimento em comum: o amor.
Amor que se expressa das formas mais inusitadas. Como a daquela menina de oito anos que viu a coleguinha, na escola, matar uma borboleta.
Ver destroçada a vida de uma beleza tamanha, uma vida que nada mais fazia senão embelezar esse imenso mundo de Deus, com suas cores e seu voo gracioso, a fez tomar uma decisão.
Em pedaços de papel, desenhou o ser alado que acabara de perecer e escreveu na frente: S O S borboleta. No verso, em letras grandes: Salve a natureza.
E saiu a distribuir os seus bilhetinhos pela escola.
Ao sabermos do fato, recordamo-nos do grande profeta das selvas, Albert Schweitzer e sua reverência pela vida.
Reverência pela vida que queria dizer respeito a toda e qualquer vida: a vida humana, em primeiro lugar, sem dúvidas, mas também a vida animal, e até a vida vegetal.
Escreveu ele que um homem é verdadeiramente moral somente quando ajuda a toda vida no que pode e quando se esquiva de prejudicar qualquer ser vivente.
Não pergunta em que medida esta ou aquela vida merece seu interesse e simpatia, se tem ou não tem valor, nem indaga se e em que extensão ela é capaz de reagir.
A vida como tal é que lhe é sagrada. Um homem assim não arranca as folhas das árvores, nem as flores, e toma cuidado para não esmagar um inseto.
Se, no verão, trabalha à luz de uma lâmpada, conservará fechada a janela e respirará o ar abafado e quente, para não ver insetos e mais insetos caírem com as asas chamuscadas.
Se vai por uma rua após um aguaceiro e vê uma minhoca deixada na calçada pela água, sabe que logo será torrada pelo sol, se não puder alcançar a terra em que se possa abrigar, e a levanta da pedra mortífera e a coloca na grama...
Não tem medo de que se riam dele como de um sentimental. O destino de todas as verdades é serem objeto de escárnio, antes de serem reconhecidas pelas massas.
O essencial é que o homem nunca permita que sua sensibilidade se embote e caleje, ou que perca a delicadeza para com tudo que vive.
Reverência pela vida! Abracemos essa causa.
Redação do Momento Espírita, com base em fato
ocorrido em escola da capital paranaense, em 19.4.2013 e
no cap. XIV, item 2, do livro O profeta das selvas – Vida e Obra de
Albert Schweitzer, de Hermann Hagedorn, ed. Alvorada.
Em 5.6.2013.
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