Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone Meu próximo, meu irmão

Conta-se que um monge e seus discípulos iam por uma estrada e, ao cruzarem uma ponte sobre um rio, perceberam um escorpião sendo arrastado pela correnteza.

Mais do que depressa, o monge entrou na água e apanhou o animalzinho, que estava na iminência de se afogar.

Entretanto, ao tentar retirá-lo da água, o escorpião picou o monge e, devido à dor, este o deixou cair novamente no rio.

Sem desanimar, o monge correu até a margem, tomou um galho de árvore e novamente entrou no rio, colheu o escorpião e o salvou.

Em seguida, juntou-se novamente aos discípulos, os quais haviam acompanhado tudo e agora olhavam para o monge, assustados e perplexos.

Um dos discípulos, exteriorizando a curiosidade de todo o grupo, exclamou: Mestre, deve estar doendo muito!

Sim, está, redarguiu o mestre, comedido como sempre.

Indignado, prosseguiu o aprendiz: Então, por que o senhor retornou para salvar esse bicho ruim e venenoso? Deixasse que ele se afogasse! Veja como ele respondeu à sua ajuda! Picou a mão que o salvara! Não merecia sua compaixão!

O mestre, sereno e brando, olhando para o grupo afirmou: O escorpião agiu conforme a natureza dele e eu de acordo com a minha.

*  *  *

Desde que nascemos, todos somos incluídos na sociedade, criamos laços familiares e, aos poucos, vamos assumindo nossos papéis sociais.

Somos pais, filhos, irmãos, tios, primos, sobrinhos. E também patrões, empregados, voluntários, prestadores de serviço, profissionais liberais.

Nem sempre tais relações são livres de desavenças, discórdias, mágoas, decepções.

Aqueles que buscamos exercer o convívio social, de forma profícua, muitas vezes caímos na cilada de querer que o outro se modifique conforme nossa própria maneira de compreender o mundo.

Esperamos que, para o bem da relação, o outro faça os devidos ajustes morais, pois é ele quem permanece no erro. Esperamos sempre que o próximo se modifique, para que, dessa forma, talvez nós possamos fazer alguns ajustes.

Entretanto, devemos nos lembrar de que todos nós somos Espíritos imortais em busca da elevação intelecto-moral.

Os erros que apontamos no outro, com tanta veemência, podem estar, de forma ainda mais acentuada, gravados em nós e, por isso, temos tanta facilidade para os detectar no próximo.

Ademais, somos todos caminheiros do progresso e temos nossas parcelas de erros e de acertos. Aquele que ora nos fere e que nosso coração custa a perdoar, é tão passível de se equivocar quanto nós.

Cada um age de acordo com seus preceitos morais. A única certeza que temos é que não somos os donos da verdade.

Antes, estamos em sua busca através de Jesus, que teve a oportunidade de dizer: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.

Na dúvida, procuremos seguir as recomendações do Cristo, que nos sugere que não julguemos o nosso próximo, que perdoemos setenta vezes sete vezes, que oremos e que vigiemos - não o outro, mas a nós mesmos.

 

Redação do Momento Espírita, com conto inicial de
autoria ignorada.
Em 12.3.2013.

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