Nosso viver em sociedade nos traz a inevitável possibilidade de analisar e observar o comportamento do próximo.
Sejam aqueles da intimidade familiar, os colegas do ambiente de trabalho ou da escola, o vizinho, um amigo, seja o desconhecido que cruzamos na rua, sempre estamos a observar atitudes e comportamentos.
E nesse observar, não são poucas as vezes em que agregamos nossa opinião, nosso juízo de valor, nossa ponderação e julgamento a respeito dessa ou daquela atitude.
Se vemos alguém agir de determinada maneira, rapidamente nos pomos a julgar, a ponderar, a dizer que está equivocado nesse ou naquele ponto.
Em determinada situação que nos chega, na qual alguém nos conte, mesmo de forma superficial, algum fato, desconhecendo, embora, os detalhes e o todo do que ocorreu, rapidamente tomamos partido, elegemos o certo e o errado. Julgamos.
Quando convidado a decidir o futuro da mulher adúltera, se deveria ser apedrejada até a morte ou não, como prescrevia a lei, Jesus serviu-se da assertiva de que se ali houvesse alguém sem pecado, sem erro, sem problemas de ordem íntima, esse sim poderia apedrejá-la.
Nessa passagem descrita pelos Evangelistas, vemos a lição do Mestre a respeito do julgamento.
Quais as condições que temos para julgar a situação do outro? Quanto da verdade temos ciência para ajuizar dessa ou daquela situação?
Não obstante, não raro agimos com acidez, violência e sem escrúpulos para comentar as faltas alheias, os tropeços cometidos, os deslizes de qualquer monta.
Faz-se necessário que, antes do julgar, tenhamos outros olhares a respeito do nosso próximo.
Olhar as falhas do outro com um pouco mais de doçura, de compreensão, de indulgência.
Aquele que erra, o faz por limitações e dificuldades que ainda carrega em seu íntimo. Logo mais, haverá de se dar conta dos seus tropeços, arrependendo-se e refazendo os passos. Está na lei divina, na lei do progresso.
Assim, os erros do próximo podem servir para nossa análise e observação, visando nosso aprendizado e reflexão. Mas não precisam de nosso julgamento.
Aquele que julga, coloca-se em um patamar mais elevado, nem sempre merecedor ou em condições de sustentá-lo.
Aquele que compreende, coloca-se em igualdade, percebendo que em si também ainda moram paixões e dificuldades, que em algum momento poderão se manifestar.
Dessa forma considerando, compete-nos olhar o erro do outro através da compreensão que substituirá o julgar; da afabilidade que tomará o lugar da acidez nas observações.
Usar da compaixão no agir, o que será muito mais útil e proveitoso do que a indiferença.
Afinal, como nos lembra o Mestre Nazareno, não devemos julgar para não sermos julgados.
Por justiça e lógica da Providência Divina, a mesma medida de que nos tenhamos servido para com o outro, assim também será empregada para conosco.
Redação do Momento Espírita.
Em 1º.2.2020.
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