Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
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Eu, que sou criança ainda, dirijo a você, que já passou pelo período infantil, e que superou a fragilidade e o medo e conseguiu seu lugar ao sol, esta mensagem em forma de súplica.

Sei que os adultos são pessoas muito ocupadas, têm tantos compromissos que quase não sobra tempo para se preocuparem com gente miúda feito eu.

Tenho percebido os grandes esforços e investimentos feitos em defesa da natureza, com vistas à preservação do ecossistema. Aliás, eu não sei bem o que isso quer dizer, mas pelo que observo, trata-se de uma iniciativa nobre, de gente grande.

Todavia, eu ouço falar na preservação das várias espécies animais, do mico-leão dourado, do mico de topete, das baleias, das toninhas, do tamanduá- bandeira e de outros bichos.

Percebo o empenho de muitos na preservação das florestas, das águas, das árvores seculares, enfim, dos cuidados com o nosso lindo planeta azul...

No entanto, eu, que também faço parte deste mundo, tenho sido esquecido e relegado à própria sorte...

Talvez vocês pensem que eu já sei me cuidar sozinho como os demais filhotes de animais, mas eu asseguro que não é assim...

Asseguro que nesta selva em que estamos jogados, há muitos perigos...

Vejo muitos pequeninos como eu, tragados pelos vícios variados...

Percebo filhotes indefesos como eu, seviciados por homens maus, que dividem conosco os restos de comida e dormem, como nós, ao relento...

Penso até que eles seremos nós, amanhã... se alguém não se compadecer do nosso destino e nos oferecer um futuro diferente...

Sabe, enquanto se empreende lutas para que algumas espécies não desapareçam da face da Terra, eu, e muitas outras crianças morremos por falta de um pedaço de pão.

Enquanto se gasta muito dinheiro para tratar os dentes de alguns felinos, nossos dentinhos nascem e se deterioram sem que possamos remediar...

Enquanto se investem altas somas para reproduzir o habitat de alguns bichos, muitos de nós só encontramos abrigo debaixo da marquise fria ou de algum viaduto sombrio e infecto...

O que eu queria rogar, na verdade, é que você, que é adulto e que tem um coração generoso a ponto de se ocupar com a preservação da natureza, observe esses seres pequenos e indefesos que vivem nas ruas, sem lar, sem educação, sem saúde...

Ou será que a vida humana vale tanto ou menos que a vida de um inseto?

Talvez o meu apelo se perca no ar, e a minha situação não mude... Mas se você, que o ouviu, pensar um pouco a esse respeito, perceberá que todos os esforços de preservação ambiental resultarão sem efeito, se a espécie humana não for preservada também.

*   *   *

Ainda que as águas cristalinas e salutares jorrem de fontes protegidas...

Ainda que o ar atmosférico espalhe por todos os cantos da Terra agradáveis aromas de flores...

Ainda que as espécies animais sejam poupadas da extinção...

Ainda que a pradaria verde e exuberante encha os olhares de júbilo e contentamento...

Isso tudo de nada valerá se no coração do homem ainda habitar o egoísmo, o deserto, a secura...

Tudo isso de nada adiantará enquanto morrerem centenas de crianças e de idosos nas mãos covardes de grupos de extermínio ou nas teias cruéis da indiferença social.

Redação do Momento Espírita com base nos caps. 1,2 e 3 do livro
Educação e vivências, pelo Espírito Camilo, psicografia
de José Raul Teixeira, ed. Fráter.
Em 26.10.2009.

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