Na bíblia, conta-se o episódio da queda dos anjos.
Trata-se de uma narrativa rica de simbolismos e, por vezes, de difícil interpretação.
Causa perplexidade a ideia de que seres perfeitos possam, de repente, cair em desgraça.
Afinal, os sentimentos puros e a conduta reta e equilibrada são inerentes ao estado de perfeição.
Jesus é o único exemplo de ser angélico que já pisou o solo do planeta.
Invariavelmente sábio e bondoso, constitui o modelo a ser seguido pela Humanidade.
Entretanto, à parte a literalidade da linguagem, a passagem dos anjos caídos enseja relevantes reflexões.
Nela, estão estampados velhos vícios humanos.
Por exemplo, o desejo incontido de brilhar e de ofuscar os outros.
Segundo a bíblia, os tais anjos queriam se assemelhar a Deus, em Sua glória.
Outra falha corriqueira nos homens reside na ingratidão.
Veja-se que, tendo recebido tudo do Senhor da vida, os agraciados se revoltaram contra Ele.
Na esteira dessas reflexões, é possível concluir que essa tragédia bíblica se repete todos os dias.
Ela não costuma ser percebida diretamente, mas é comum.
Trata-se de homens dotados por Deus com os mais variados talentos, mas ingratos.
Podem ser intelectuais, artistas, empresários, professores ou administradores.
Embora ricos de possibilidades e recursos, não cuidam de tornar o mundo melhor.
São inúmeros os artistas que excitam o que há de pior nas criaturas.
Idealizam e executam obras de violência e devassidão.
Aproveitam sua notoriedade para propagar vícios e leviandades.
Engendram danças e músicas lascivas com o talento que Deus lhes concedeu.
O mesmo se dá com alguns grandes intelectuais.
De suas mentes saem invenções voltadas à guerra e à exploração.
Muitos deles, em sua arrogância, pretendem provar a inexistência do Criador.
Também há os empresários indiferentes à ética e ao interesse público.
Utilizam seu gênio para dominar os mercados, a todo custo.
O mesmo se pode afirmar de professores que dão maus exemplos aos alunos ou que pouco ensinam.
Todo homem talentoso, que não age em favor do progresso, corporifica a metáfora dos anjos caídos.
Por certo, não é perfeito.
Caso contrário, não erraria.
Mas recebeu da Divindade importante depósito do qual precisa dar conta.
Sua tarefa é tornar o mundo melhor, qualquer que seja a sua área de atuação.
Se decide utilizar seus recursos de forma egoísta, ou desvirtuá-los, lança-se em um precipício.
Por livre vontade, candidata-se a dolorosas expiações, que podem durar séculos.
Tudo no Universo pertence a Deus.
Em Sua bondade, Ele aquinhoa Seus filhos dos mais ricos e belos dons.
A felicidade e a plenitude decorrem da saudável utilização desses recursos.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 12.2.2013.