Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone O sonho de Kardec

Em dada passagem do Evangelho, Jesus salientou a responsabilidade maior que cabe a quem conhece o bom caminho.

Ele afirmou que muito se pedirá àquele a quem muito se houver dado.

A respeito dessa assertiva, narra-se que, certa feita, Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, teve um sonho.

Em pleno processo de elaboração do Espiritismo, foi levado em desdobramento para uma região muito triste do plano espiritual.

Tratava-se de um local nevoento e feio, no qual gemiam milhares de entidades em sofrimento estarrecedor.

Ouviam-se soluços de aflição, gritos de cólera e gargalhadas de loucura.

Atônito, Kardec lembrou dos tiranos da História.

Então, inquiriu à entidade luminosa que o acompanhava:

Encontram-se aqui os crucificadores de Jesus?

O guia lhe esclareceu que nenhum deles lá estava.

Disse que, embora responsáveis, eles desconheciam, na essência, o mal que praticavam.

O próprio Cristo os havia auxiliado a se desembaraçarem do remorso.

Conseguira-lhes abençoadas reencarnações, nas quais se resgataram perante a lei.

Kardec imediatamente pensou nos imperadores romanos.

Mas também eles ali não se encontravam.

O anjo lhe disse que homens como Tibério e Calígula não possuíam a mínima noção de espiritualidade.

Alguns deles, depois de estágios regenerativos na Terra, já se haviam elevado a esferas superiores.

Outros ainda se demoravam na Terra, mas já à beira da redenção.

Diante dessa resposta, o Codificador aventou a possibilidade de estarem ali os algozes dos primitivos cristãos.

A resposta também foi negativa.

Embora esses carrascos possuíssem algumas tintas de civilização, eram homens e mulheres quase selvagens.

Todos tinham sido encaminhados à reencarnação, para adquirirem instrução e entendimento.

Os conquistadores da Antiguidade, como Átila e Gengis Khan, foram a próxima aposta de Kardec.

Contudo, a entidade luminosa lhe afirmou que também esses já se encontravam no bom caminho.

Como erraram, em plena ignorância das realidades do Espírito, sua responsabilidade era menor.

Finalmente, o Codificador perguntou quem eram os sofredores.

O anjo lhe respondeu que se tratava dos que estiveram no mundo plenamente educados.

Residiam naquela região os conhecedores dos ditames do bem e da verdade.

Ali se encontravam especialmente os cristãos infiéis de todas as épocas.

Embora cientes da lição e dos exemplos do Cristo, decidiram se entregar ao mal.

Para eles, era especialmente difícil um novo berço na Terra.

Conta-se que Allan Kardec retornou ao corpo fundamente impressionado.

E logo tratou de enfatizar na Doutrina Espírita a responsabilidade do homem quanto aos seus deveres.

*  *   *

Conclui-se que é preciso abandonar desculpas e ilusões.

Talentos, conhecimentos e fé são um depósito sagrado.

O homem ilustrado precisa movimentar suas mãos no bem, sob pena de incidir em grave responsabilidade.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 7, do
  livro
Cartas e crônicas, pelo Espírito Irmão X, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
Em 19.7.2022

 

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