Quisera entender a Tua Grandeza.
Cientistas celebrizam-Te em fórmulas complexas quão inatingíveis.
Filósofos discutem escolas que se antagonizam tentando definir-Te.
Religiões emparedam-Te nos seus templos e dogmas.
Tu, porém, que não começaste, nem terminarás, que és o dia e a noite, o infinito e a molécula visível em tudo e inalcançável, permite que o Teu poeta apenas Te sinta e Te ame.
Assim, mergulhado no oceano da Tua presença e viajando nos ventos que me conduzem a Ti, eu digo:
Arranca-me da minha pequenez para a Tua grandeza;
Conduz-me da ignorância para a sabedoria;
Retira-me a condição de morte a fim de que eu seja vida, e, totalmente embriagado em Tua luz eu faça silêncio para que a Tua caridade entorne a ânfora de bênçãos sobre o mundo em sombras, onde eu vivo.
* * *
As palavras inspiradas de Rabindranath Tagore falam de um Ser Maior que cientistas, filósofos e religiões tentam explicar, definir, entender.
Um Ser Criador, que gere o Universo através de leis perfeitas, que o homem ainda está longe de compreender em sua totalidade.
Uma Força Suprema, uma inteligência que supera todas as outras.
Jesus, o Espírito mais perfeito que a Humanidade conheceu, usou um termo muito especial para se referir a Ele: chamou-O de Abba.
O termo Abba é uma palavra aramaica que, traduzida para o português, significaria papai, ou paizinho. É uma forma das crianças se referirem a seus pais e que Jesus pode até ter usado ao dirigir-se a José.
Esse termo jamais seria usado numa oração pelos contemporâneos de Jesus para se referirem a Deus, uma vez que eram acostumados com uma linguagem mais reservada e formal em suas orações.
O significado desse fato foi muito bem expresso por Moltmann, teólogo alemão. Diz ele:
Quando Jesus se dirige a Deus como Abba, consequentemente a tônica não está na masculinidade de um Deus Pai, e nem na Sua majestade de Deus Senhor, mas na inaudita proximidade, na qual experimenta o mistério divino.
Realmente, quando nos referimos ao Criador como Pai, estamos trazendo-O mais próximo ao nosso coração.
E quem sabe não seja o caminho mais seguro de encontrá-lO, uma vez que cientistas, filósofos e religiões ainda têm tanta dificuldade.
Chamá-lO de Papai seria admitir Sua bondade e Seu aconchego. Seria aceitar Sua presença próxima e Sua vontade, como sendo a melhor possível para nosso crescimento íntimo.
Qualquer pai do mundo, que tenha um pouco de consciência de sua missão, abraça seu filho e deseja para ele o que há de melhor. Agora, imaginemos O Maior de todos os pais, o que não faz?
Entender a Grandeza de Deus, então, talvez não passe tanto pela razão, pelos estudos e filosofias, mas sim pelo sentimento. Sim, é o sentimento o único capaz de compreender Deus em Sua totalidade absoluta.
Sentindo Deus é que seremos conduzidos da ignorância à sabedoria, da pequenez à grandeza...
Sintamos Deus como o Pai.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. IX, do livro Pássaros
livres, pelo Espírito Rabindranath Tagore, psicografia de Divaldo
Pereira Franco, ed. Leal e em citação do livro O caminho de Jesus
Cristo: cristologia em dimensões messiânicas, de Jurgen Moltmann, ed.
Vozes.
Em 13.12.2012.