Nos apontamentos evangélicos, é emocionante descobrir, a cada novo versículo, o grande plano do Mestre Jesus.
Pensam muitos que Jesus trabalhou sozinho e que para após a sua partida, simplesmente preparou os doze Apóstolos.
No entanto, quando ainda entre os homens, Ele designou setenta discípulos para que, em duplas, fossem a todas as cidades e lugares, onde Ele estava para ir.
Assim registra Lucas em seu capítulo dez: Ide, eu vos envio como cordeiros no meio de lobos. Não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias.
Em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei o que vos oferecerem; curai os enfermos que nela houver, e dizei: está próximo a vós o reino de Deus.
O grande missionário, em todas as Suas primeiras excursões de apresentação do reino de Deus, foi precedido pelos Seus enviados. Eles iam à frente para anunciarem a Sua chegada.
Podemos deduzir que os setenta eram profetas escolhidos a dedo por Jesus. Possuíam dons específicos.
Cheios de coragem e de austeridade, andaram pelas estradas de vila em vila, de aldeia em aldeia. Preocupação alguma com haveres, com roupas, com bolsas, com alforjes ou com sandálias, conforme lhes pedira o Mestre.
Eles deveriam se preocupar estritamente com o anúncio das verdades celestes.
No cumprimento das ordens que receberam, curavam enfermos, levavam a paz às multidões sufocadas pelas tribulações, anunciavam o reino de Deus que logo mais deveria dominar os corações.
A tônica dos setenta era o desinteresse, abnegação, sacrifício, mansidão, coragem, dignidade, amor, humildade.
Nada lhes deveria embaraçar a missão de que se achavam investidos.
Hospedar-se-iam em casa de companheiros que, em nome da fraternidade, os abrigassem. Comeriam do que lhes oferecessem. Exigência alguma.
Importante não eram eles, criaturas frágeis, mas a mensagem que deveriam espalhar aos quatro ventos. Em abundância.
A divina caravana, qual um exército bem organizado, partiu em trinta e cinco pelotões. Atravessou morros, serras, ravinas, campinas perfumadas pelos lírios, sempre confiantes na força da fé, no valor insuperável da palavra de ordem que receberam.
O resultado foi tão estrondoso que, ao retornarem, e se apresentarem a Jesus, comentaram: Senhor, até os demônios se nos submetem em teu nome!
Que bela lição colhemos nesses versículos de Lucas.
Quantos de nós nos dizemos os seguidores e imitadores de Jesus e nos preocupamos muito mais em abarrotar cofres com moedas efêmeras. Quantos estamos muito mais preocupados com nossa comodidade, nosso conforto, do que em espalhar as verdades dos céus aos pequeninos.
Que bela lição para aqueles que ainda acreditamos que para se servir a Deus são necessárias posses.
Que extraordinário ensinamento o do Mestre, ciente de que morreria e de que a obra deveria prosseguir, sem solução de continuidade.
Toma os doze e lhes concede o ensino esotérico, mais profundo.
Seleciona setenta e os põe no trabalho, exercitando-os, desde antes da partida.
E recordemos que, ao ascender aos céus, após a ressurreição, na Galileia, o evangelho registra quinhentas testemunhas, Seus discípulos.
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Jesus era um líder nato. Tinha visão de conjunto, abrangente. Sabia que ninguém, por melhor que seja, pode conseguir êxito total a sós.
Nem mesmo Deus, o Pai Todo Poderoso, trabalha a sós. Embora não necessite, convoca o homem diariamente para servir na Sua fazenda, a Terra onde vive e progride.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A missão dos setenta e no cap.
A volta dos setenta, do livro O espírito do cristianismo, de Cairbar Schutel, ed. O clarim.
Disponível no cd Momento Espírita, v. 21, ed. Fep.
Em 28.11.2012.