Momento Espírita
Curitiba, 27 de Novembro de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone O primeiro pássaro

O inverno havia sido longo e muito frio, com bastante neve, e a primavera ainda não havia chegado.

Levantei-me bem cedo, olhei através de minha janela e contemplei um pássaro. Em seguida chamei minha esposa e disse:

"Vem rápido e apressa-te para ver quem chegou à janela!

Aqui está um amigo nosso que veio de um país longínquo para nos visitar."

Minha esposa aproximou-se da janela e também viu a pequena ave.

O pássaro olhou para nós e saiu saltitando pela terra fria e árida à procura da minhoca madrugadora, porém o pássaro foi mais madrugador que a minhoca.

E minha mulher correu à cozinha para ver o que poderia encontrar para o bichinho comer.

Eu me dirigi ao pássaro e então lhe disse, emocionado:

"Estiveste em um lugar quente, onde o sol brilhou. E poderias ter continuado lá. Mas estás aqui.

E vieste enquanto ainda é inverno, porque a profecia da primavera está em teu sangue.

Tua fé é a essência de coisas que esperaste e a evidência de coisas que não viste.

Chegaste aqui depois de voares muitos quilômetros, sim, centenas de quilômetros, rumo a uma terra desolada, porque tens dentro de tua alma a certeza de que a primavera está próxima.

Oh, oxalá houvesse entre os seres humanos certeza tal que encaminhasse alguém para seu alto destino com uma convicção tão grande quanto a tua!"

E eu pensei nos olhos, formados na escuridão, mas feitos para enxergar a luz; e nos ouvidos maravilhosamente modelados no silêncio, mas feitos para ouvir música; e na alma humana, que nasceu em um mundo onde existe o erro, mas que também nasceu com a esperança da retidão.

E eu abençoei o passarinho que me fez pensar nestas coisas...

E, quando fui à cidade naquele dia, as pessoas diziam:

"Que coisa! O inverno não está muito frio e longo?"

E eu respondi:

"Não quero mais ouvir falar do inverno."

E elas perguntaram:

"Por que não devemos falar do inverno? Não estás vendo o termômetro e as latas de carvão vazias?"

Ergui a cabeça com orgulho e disse:

"Não quero mais ouvir falar do inverno. Esta manhã vi o primeiro pássaro. Para mim, a primavera já chegou."

*   *   *

Quem dera pudéssemos ter a fé e a esperança desse ser alado dos ares terrenos...

Em seu instinto está a voz do Criador garantindo sempre a primavera após a estação do frio.

Se pudéssemos, nas invernias aflitivas da vida, lembrar dessa certeza!... De que tudo acabará bem... De que uma nova estação das flores não tarda em vir... De que as temperaturas gélidas nos fazem sempre mais fortes...

Se pudéssemos perceber, com maior clareza, que o Universo trabalha em nosso favor, em qualquer estação do ano, por mais insuportável que essa possa ser... quem sabe já poderíamos ser mais felizes, aproveitando melhor cada oportunidade, cada experiência de aprendizado.

Quem sabe, inclusive, poderíamos ser o primeiro pássaro de alguém, cuja alma ainda se encontra congelada pelo desespero implacável.

Pensemos nisso.

 

Redação do Momento Espírita, com base no cap. The first robin, do livro The
millionaire and the scrublady, de William Barton, ed. Zondervan.

Em 21.11.2012.

 

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998