Momento Espírita
Curitiba, 25 de Novembro de 2024
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ícone Vingança tola

A pena de morte, a princípio, pode ter como finalidade punir juridicamente um delito e dissuadir novas transgressões à lei. Dizemos a princípio porque parece estar se instalando em alguns países onde existe, uma outra finalidade. A vingança.

É que em alguns Estados americanos está se permitindo aos parentes da vítima ou vítimas, assistir a execução do criminoso.

Nos comentários de alguns deles, sente-se o sabor da vingança: Foi suave demais.

Não somos dos que apregoam que se deve ter para com os criminosos a mesma postura que se tem com homens de bem?

Naturalmente, eles necessitam de terem cerceada sua liberdade. De receber uma reeducação. De trabalharem para, de alguma forma, sanar os prejuízos causados pelos seus atos criminosos.

Assim, por exemplo, seria muito justo que os que ceifassem a vida de um pai ou de uma mãe de família, trabalhassem para garantir aos filhos órfãos o necessário.

Quem tirasse a vida de um filho, arrimo dos pais, que os sustentasse de então em diante.

Quem destruísse o patrimônio público ou doméstico, que devolvesse, não importando o número de anos, em forma de indenização, o bem destruído.

Isso seria muito justo.

Contudo, presenciar-se alguém morrer por injeção letal ou por qualquer outra forma, será válido?

Podemos avaliar o quanto de mágoa, dor, vai no coração daqueles que foram violentados portas adentro do lar e viram os seus afetos serem mortos, de forma cínica e fria.

Contudo, de que valerá ver morrer os assassinos? Trará de volta os amores assassinados? Sanará a violência perpetrada? Conseguirá apagar o trauma do pavor de um sequestro? Com certeza, não.

Ainda uma vez, enquanto prosseguirmos a clamar por vingança, não se modificará o panorama do mundo. É preciso modificar-se pensamentos e ações.

Rigor na justiça. Mas justiça. Justiça que traduza oportunidade de reeducação. De renovação. Ou seremos daqueles que creem que uma vez criminoso, sempre criminoso?

Se Deus assim pensasse a nosso respeito, não teríamos as oportunidades repetidas da reencarnação, desde que, retornando à carne, em novo corpo, repetem-se também as chances da criatura reincidir. Mas Deus sabe que a Lei é de progresso.

Isso sem se falar que a moral do Cristo prescreve o perdão. Quem mais do que Ele, o Divino Mestre, teria motivos para não perdoar? Abandonado pelos amigos, traído por um dos Seus, inocente das acusações, recebe a pena máxima.

A mais humilhante delas: a crucificação, pena imposta aos rebeldes, aos criminosos considerados inimigos de Roma.

Foi esbofeteado, cuspiram-lhe na face, manietaram-nO, despiram-nO e O flagelaram. Antes de morto. Humilhado.

E era inocente...

Contudo, nenhuma palavra de vingança. Deixa-se conduzir. Que fazer quando a loucura domina?

Mas, antes de entregar ao Pai o Espírito, roga: Pai, perdoa-lhes. Eles não sabem o que fazem.

É a exata medida do justo que sabe que somente a ignorância comandando os Espíritos gera a sanha violenta e assassina.

 

Você sabia?

 

... que tratar das vítimas da violência está cada vez mais difícil? Segundo os médicos porque as armas são cada vez mais potentes e precisas.

Não seria muito bom que todos fizéssemos um grande mutirão e, ao invés de aperfeiçoarmos armas para matar e mutilar, nos empenhássemos em arquitetar planos para debelar a fome, o analfabetismo e a miséria?

 

Redação do Momento Espírita, com base no
artigo
De cara com o inimigo, da revista
Veja, de 21.08.1996.

Em 19.11.2012.

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