Durante muito tempo, o homem foi considerado uma dualidade: corpo e alma. Difícil era conceber que algo tão material, como o corpo, pudesse lhe ter unida a alma, totalmente de essência espiritual.
Em O livro dos Espíritos, obra básica da Doutrina Espírita, encontramos, que o homem é formado de três partes essenciais.
Primeiro, o corpo ou ser material. Semelhante ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital. Segundo, a alma, Espírito encarnado, que tem no corpo a sua habitação. Terceiro, o perispírito. Princípio intermediário. Liga a alma ao corpo.
É uma substância semimaterial, vaporosa para os olhos humanos. Temos no homem, uma organização semelhante à do fruto: o gérmen, a alma; o perisperma, o perispírito e a casca, o corpo.
A existência de um corpo extracarnal é conhecida desde os tempos mais recuados. Paulo de Tarso, na Primeira Epístola aos Coríntios comenta: Há corpos celestes e corpos terrestres.
Na Segunda Epístola aos Coríntios, diz: Conheço um homem em Cristo, que há quatorze anos foi arrebatado ao céu. Se no corpo não sei. Se fora do corpo não sei.
Referia-se o Apóstolo Paulo aos seus deslocamentos em corpo espiritual, enquanto sua máquina física dormia. Os mentores amigos o conduziam a esferas superiores a fim de receber preciosas orientações.
Semelhantes deslocamentos não constituem privilégio dos santos. Todas as criaturas humanas os realizam. Durante o sono. Quando registram fragmentos de tais viagens, têm sonhos.
A natureza dessas excursões é determinada pelas atividades na vigília. Por isso o homem comum, preso a interesses imediatistas e prazeres, não tem a mínima condição para experiências sublimes como a de Paulo.
É com esse corpo perispiritual que, após a morte, transitaremos na esfera invisível.
Esse invólucro tem várias funções. Sendo o laço de união entre o Espírito e o corpo, é responsável pela organização da forma física. Podemos lhe chamar modelo organizador biológico.
Está unido ao corpo célula a célula. Conduz para o corpo físico os impulsos internos da alma. E para a alma, as reações nervosas do corpo de carne.
É o veículo imprescindível para a mediunidade, na Terra. É através dele que são acionadas as estruturas neurológicas do médium. De acordo com a zona do sistema nervoso central que o perispírito faz vibrar, pela atuação do Espírito comunicante, teremos os fenômenos de vidência, audiência, escrita etc.
No processo da morte, desligados os laços, o perispírito livre se locomove. É com esse corpo perispiritual que os Espíritos podem ser vistos. Ele conserva a individualidade do ser e suas características. Por sua qualidade plástica, o Espírito pode modelar a forma que mais lhe fale ao coração. Eis porque, nas aparições, vemos os Espíritos com porte esbelto, jovens. De outras vezes, maduros, com barbas, cicatrizes, marcas. Natural que o Espírito não tem cicatrizes ou marcas. Ele as reproduz no perispírito para que seja melhor reconhecido.
Foi com Seu corpo perispiritual que Jesus transitou pela Terra, após Sua morte. Nota-se que é um corpo diferente.
Penetra no cenáculo totalmente vedado. Desaparece aos olhos dos discípulos de Emaús. Aparece à beira do lago, na Galileia. Ascende aos céus, ante o testemunho de mais de quinhentos seguidores.
É a veste nupcial de que o próprio Cristo falou. A veste apropriada para ingressar no reino do Espírito. Brilhante ou opaco, de acordo com as virtudes ou desmandos das criaturas.
Redação do Momento Espírita, com base nos caps.1 e 2, do livro
Correnteza de luz pelo Espírito Camilo, psicografia de José
Raul Teixeira e do cap. 3, do livro Quem tem medo da
morte? de Richard Simonetti, ed. Gráfica São João.
Em 12.11.2012.