Você já se deu conta como podemos colher lições, a cada passo, em nossa vida?
Há algum tempo, assistimos a um filme que traduzia as peripécias de duas crianças órfãs. Pequenas, foram morar com o avô.
Um senhor não muito idoso, mas muito amargo. Daqueles que parecem ter esquecido que um dia foram crianças, fizeram travessuras, teceram fantasias, tiveram sonhos. Homem prático - dizia-se. Os meninos adorariam ter um cão, mas o avô não permite.
Para que um cão? Não se pode comer um cão!
Sem permitir o diálogo, o avô não percebe que cria distanciamento dos netos, que desejam carinho, alguém para brincar.
Então, um dia, na praia, eles encontram um bebê, sozinho, perdido. Escondem-no no seu esconderijo e passam a cuidá-lo.
Sempre às escondidas lavam o bebê, trocam fraldas, ordenham a vaca e dão o leite morno ao pequenino. À noite, deixam a cama quente para dormir no esconderijo, abraçadinhos a ele.
Para eles, é algo muito importante. Algo que lhes pertence e pelo qual são responsáveis.
A história envolve, no entanto, polícia, um processo judicial, pois o bebê, em verdade, não estava perdido, só deixado a sós por alguns minutos.
Então, e só então, ouvindo da boca de um dos netinhos a narrativa da sua solidão, que redundara num pequeno rapto involuntário, medita o avô. Como fora insensível. E se penitencia, confessando: Se alguém é culpado, sou eu porque não ouvi meus netinhos.
Não permiti que se aproximassem, me contassem, eles me temem. Temiam que eu fizesse mal ao bebê. Tudo porque não conversamos.
Sou culpado por fazer sofrer meus netos, por fazer sofrer os pais do bebê, pelo transtorno em que toda a vila se envolveu, procurando-o.
Não é necessário dizer que a história acabou muito bem, com o avô retornando ao lar com os netinhos, com outra disposição. Até lhes comprou o tão desejado cachorro.
E, diga-se de passagem, vendeu as únicas botas que tinha para conseguir o dinheiro.
Aí vem a lição que nos propõe uma reflexão: Como vai nosso diálogo com nossos filhos? Sabemos o que eles precisam? O que sentem? Damos-lhes tempo para estarem conosco e jogarem conversa fora? Eles nos amam ou nos temem?
Sabemos do que nosso filho gosta? Sentamos ao lado dele para vibrar, no jogo de basquete ou futebol, com ele, torcendo pelo time dele? Escutamos quando ele nos conta as mil travessuras que fez durante o dia todo?
Percebemos que o primeiro dente do nosso filhinho apareceu?
Há quanto tempo não rolamos na grama, não pulamos na cama, não realizamos uma boa brincadeira com travesseiros com nosso filho?
Lembramos como era gostoso fazer todas essas coisas em criança? Aproveitemos agora e reprisemos tudo, com muito amor, com nossos filhos.
Não sejamos indiferentes, frios ou mudos com nosso filho. Lembremos: ele é carne da nossa carne, sangue do nosso sangue e, de uma certa maneira, a mesma vida, os mesmos amores e dores.
Pais e filhos temos necessidade uns dos outros.
* * *
Todo filho é empréstimo sagrado que deve ser valorizado e melhorado pelo cinzel do amor dos pais, para oportuna devolução ao Genitor Celeste.
Redação do Momento Espírita, com base no filme
Os pequenos raptores e no cap. V do livro Diálogo de
gerações, de Paul Eugene Charbonneau, ed. E.P.U.
Em 12.11.2012.