Há algum tempo, um programa de televisão entrevistou certa personalidade, possuidora de vasta fortuna, após ter sido vítima de um sequestro.
Ela havia sido encontrada em seu cativeiro, em um bairro pobre, vizinho à sua residência.
O entrevistador perguntou-lhe sobre os traumas e efeitos do sequestro e como ela vinha conduzindo a vida, após ocorrência tão marcante.
Não sem causar surpresa, a conhecida dama da sociedade mostrava-se tranquila e feliz, agradecida por estar viva, de volta ao seio familiar e dos amigos.
Mas, disse ela, a grande marca desse sequestro, foi o que ele conseguiu produzir em mim internamente.
Nos dias de cativeiro, eu ficava pensando e refletindo o que era realmente importante para mim, o que valia a pena, o que tinha valor.
Naquele momento eu quase não dispunha de nada, nem mesmo do destino da minha vida, analisava a senhora.
Foi aí que percebi que coisas, sem importância ou significado, eu valorizava demais. Jamais seria capaz de sair do meu carro para abrir o portão da minha casa. Isso era função dos empregados.
E por outro lado, dei-me conta de quanto tempo eu passei longe de minhas filhas, em atividades dispensáveis ou fúteis, abrindo mão de conviver com meus dois grandes tesouros.
Desde que retornei para casa, meus valores são totalmente outros. E comecei também a trabalhar, voluntariamente, em uma associação, para melhorar as condições de vida daquela comunidade onde estive em cativeiro.
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As lições que essa senhora retirou, de um momento de dor e dificuldade, são exemplares. Porque, afinal, é exatamente esse o papel que a dor tem em nossa vida: nos provocar a melhoria.
É verdade que a vida poderia se utilizar de muitas outras ferramentas e, várias vezes, o faz.
Há inúmeras situações em que somos convidados a sermos melhores através da docilidade, do amor, da gentileza, da candura.
Porém, quase sempre, abrimos mão de caminhos mais amenos para amadurecermos.
É quando a vida percebe ser necessário utilizar-se de outras ferramentas para que o aprendizado se faça.
Não por vingança ou castigo. Apenas por necessidade de evoluirmos, de progredirmos. E, como não aceitamos o convite do amor, a dor chega como substituta.
Assim, as agruras, dores, problemas que nos batem à porta, sejam dores da alma, sejam do corpo, são sempre lições para o aprendizado necessário.
Jamais a dor vem sem algum significado. Sempre traz consigo lições valiosas, cujo aprendizado cabe a cada um de nós concretizar.
Ao invés de blasfemarmos contra a dor, revoltarmo-nos pelas dificuldades, deixemo-nos conduzir pelos desígnios da vida, fazendo o nosso melhor, e deixando à Providência Divina que nos ampare nos momentos mais difíceis.
Guardemos a certeza: jamais estaremos sós, pois coube ao Mestre da Galileia nos assegurar: Vinde a mim todos vós que vos encontrais cansados e aflitos, e eu vos aliviarei.
Redação do Momento Espírita.
Em 9.11.2012.