Na Grécia e na Roma antiga, era comum os atores se utilizarem de máscaras para interpretar seus personagens.
A essas máscaras era dado o nome de persona. Daí a origem da palavra personagem.
A palavra persona vem do latim, per sonare, ou soar através de, pois essas máscaras faziam com que a voz dos atores bem chegasse aos espectadores.
Muito mais tarde, no Século XX, um célebre estudioso da mente e do comportamento humano, o suíço Carl Jung, se utilizou da mesma palavra para descrever um tipo de comportamento dos seres humanos. O de utilizarmos máscaras para nos relacionarmos.
Não somos poucos os que nos utilizamos de pesadas máscaras para esconder dores, dificuldades e dramas que marcam nossa alma.
Não somos poucos os violentos e agressivos, que fazemos desse comportamento nossa rota de fuga para esconder fragilidades, medos e inseguranças.
E, em grande número, somos os críticos inveterados, os justiceiros de plantão, a postos para apontar o dedo, acusar, mas que agimos assim para esconder agudos sentimentos de inveja.
Outros de nós, prepotentes, tiranos, sempre a humilhar e espezinhar todos, escondemos atrás dessa máscara complexos de inferioridade e as próprias limitações.
Não faltam os que nos posicionamos como paladinos da moral, da ordem, intolerantes com os deslizes alheios, buscando, dessa maneira, disfarçar em nós profundos distúrbios comportamentais e morais.
Quase sempre refletimos o oposto do que somos em realidade.
É por essa razão que, ao encontrarmos um companheiro de jornada que se mostra difícil, pesado, bom será avaliemos se tratar de uma alma frágil, em rota de fuga através de máscaras, que escolheu para representar um personagem que efetivamente não é.
Verificaremos que, ao perfurarmos a casca, ao analisarmos com mais cuidado, encontraremos a alma dizendo das suas dificuldades, buscando fugir de si mesma.
Para esses companheiros, utilizemo-nos do olhar de amor, da indulgência, da compreensão, em exercício de tolerância.
Se hoje já conseguimos perceber as limitações na alma daqueles que seguem conosco, utilizemos o olhar do entendimento para com eles.
E toda vez que eles nos oferecerem as pedras e espinhos da personalidade que apresentam, ofertemos a compreensão.
Todo progresso individual, toda descoberta de si mesmo é processo solitário e doloroso.
Não é por outro motivo que muitos adiamos o encontro conosco mesmos, estagiando em processos difíceis, que levam a lugar algum.
Assim, se conseguirmos perceber em nós algum desses mecanismos de fuga, esforcemo-nos por deles nos desvencilhar, buscando o encontro inadiável conosco mesmos, no processo de sublimação pessoal.
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A revisão de conceitos e atitudes nos convida a nos dispormos ao abandono do que nos for inconveniente e nos esteja a reter a marcha do progresso.
Proponhamo-nos à renovação de opiniões, de posições enrijecidas sempre que necessário, abraçando diretrizes morais enriquecedoras.
Fará bem a nós. Fará bem ao mundo.
Redação do Momento Espírita.
Em 29.09.2012.