Não me conformo. Não posso aceitar. Deus não podia ter feito isso comigo.
Estas são frases que se podem ouvir muitas vezes. São criaturas que travam uma guerra particular com Deus. Acreditam-se diferentes. Por isso mesmo, as coisas ruins não as deveriam atingir. Nada desagradável.
Ao lado delas existem outras que dão mostras de grande resignação. É o caso da atriz Sarah Bernhardt .
Ela foi vítima de uma queda, durante um espetáculo, no Rio de Janeiro. Fato que viria alterar profundamente o ritmo de sua vida.
É que, no último ato da peça, a atriz deveria se atirar do alto de um parapeito.
Apesar dos seus sessenta anos, ela vinha desempenhando a tarefa com grande facilidade.
Ocorre que, do lado de fora do cenário, grossos colchões eram colocados. Ela sempre caía em local bem macio, sem nenhum problema para sua integridade fisica.
Porém, aconteceu um imprevisto. O contrarregra achou esquisito aqueles colchões empilhados. Logo, na noite do espetácul, não vacilou em tirá-los.
Na hora culminante, a atriz jogou-se, certa que tudo estava bem.
Tombou violentamente sobre a dureza do assoalho. Caiu sobre o joelho direito e não teve condições de voltar ao palco.
Embarcou para a França. A viagem marítima durou vários dias.
Pensou ela que nada mais grave lhe aconteceria. No entanto, nunca se recuperou.
Nove anos depois, teve amputada a perna. As palavras dela foram: Deus sabe o que está fazendo.
Aceitou a situação. Com um detalhe: não poderia viver longe do palco. Todos compreenderam.
Continuou representando, sentada numa cadeira de rodas, peças de um ato, escritas especialmente para ela.
* * *
À semelhança dela, encontramos criaturas que perderam haveres, afetos e se dispõem a prosseguir lutando.
Por detrás do véu de lágrimas, recompõem o semblante e vivem. Pessoas que tiveram membros amputados e se readaptaram à nova realidade, com um sorriso de esperança nos lábios.
Pessoas que perderam amores e passam a dar seu amor a desconhecidos. Crianças ou idosos, que adotam em regime total ou parcial.
Quantos de nós estamos revoltados por coisas mínimas: porque choveu e estragou nosso passeio de final de semana.
Porque se esperava aumento de salário e ele foi protelado para o mês próximo, talvez. A festa gorou. O amigo não telefonou. O namoro acabou.
Hora de espancar as nuvens da revolta e utilizar o dinamismo da resignação.
Se algo aconteceu e é irremediável, não há porque gritar.
Se pode ser modificado, o momento é de buscar soluções, não de se revoltar.
Se você não recebeu as vantagens que pediu, se perdeu provisoriamente as suas possibilidades de promoção, se a pessoa cuja companhia mais desejava desapareceu dos seus olhos, não se revolte.
Demonstre sua capacidade de resignação e recuperação. Avance firme. O tempo lhe trará outras oportunidades de ser feliz.
Pense nisso.
* * *
Provações se apresentam. Dificuldades surgem. Tudo parece noite ao redor de seus passos.
Não se detenha, no entanto, a fim de medir as sombras. Prossiga trabalhando.
Dê tempo a Deus para que Deus lhe acenda uma nova luz.
Redação do Momento Espírita.
Em 10.09.2012.