A notícia chamou a atenção pela violência, como tantas que a mídia divulga diariamente.
Essa, porém, tinha um quesito diferente. Jovens de classe média alta, escolarizados, bem vestidos, saudáveis, atacaram um morador de rua.
O fato, ocorrido na madrugada de uma cidade grande, seria mais um nas estatísticas policiais, não fosse a presença de outra pessoa em cena.
Esse também jovem, classe média, de boa família, reagiu de forma diferente ao ver o morador de rua sendo espancado.
Sem pensar nas consequências, movido apenas pelos seus valores, ele se colocou entre os agressores e o morador de rua.
Sua intenção era a defesa do agredido, chamar à razão aqueles que deixaram de ser racionais, ao se permitirem dar vazão a instintos bárbaros.
Como consequência, tornou-se igualmente vítima da violência.
Foi hospitalizado com várias fraturas. Submeteu-se a extensa cirurgia, para restauração dos ossos esmigalhados da face.
Depois de vários dias, ao ter alta hospitalar, ainda sofrendo o risco de perder o movimento do olho esquerdo, teve oportunidade de afirmar que faria tudo novamente, se necessário fosse.
Também disse que não se sentia um herói.
Uma atitude não vai mudar o mundo, concluiu ele, mas pequenas coisas vão mudando.
Pelo menos uma, duas ou três pessoas vão pensar alguma coisa, vão ensinar algo para seus filhos.
A simplicidade nas palavras desse jovem demonstram a profundidade de seus sentimentos.
Enquanto tantos acham que nada podem fazer para mudar o mundo, ele apenas fez o que achava que era seu dever.
Enquanto tantos se encastelam na reclamação, na lamúria, ou se isolam, fechando-se em si mesmos e em suas casas para evitar as pessoas e os problemas, ele se expôs, executando sua parte para mudar o mundo.
E, como todo idealista, acredita que o pode mudar. Sabe que não o poderá mudar sozinho, mas tem consciência que pode colaborar, fazer a sua parte.
Por isso, não se sente herói. Apenas sente a alegria do dever cumprido. Mesmo que tenha pago o alto preço da agressão à sua integridade física, fez o que achava certo.
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Muitos sonhamos em mudar o mundo. Entretanto, esquecemos de cumprir nossas obrigações mais corriqueiras.
Reclamamos da injustiça no mundo e continuamos a desrespeitar o outro, passando-lhe à frente em filas.
Indignamo-nos com a corrupção de políticos, mas prosseguimos na tentativa de suborno a fiscais, guardas de trânsito e outros funcionários públicos.
Queremos a paz, mas somos violentos no trânsito, dirigindo desrespeitosamente, fazendo do nosso veículo uma arma.
Se queremos mudar o mundo, façamos nossa parte. Não precisamos realizar nada de extraordinário. Apenas cumprir o dever que a consciência nos dita.
E porque somos a luz do mundo, conforme nos afirma Jesus, deixemos nossa luz brilhar nas ações do bem agir, nos conduzindo de maneira nobre e lúcida pelas estradas da vida.
Redação do Momento Espírita.
Em 25.07.2012.