Ele estava desrespeitando o limite de velocidade. Dirigia-se para uma reunião de negócios e não tinha tempo a perder.
Seus olhos se moviam com agilidade enquanto observava os outros carros e procurava abrir caminho rapidamente em meio ao trânsito.
No momento em que estava alcançando a rodovia expressa, ele foi fechado por um veículo que vinha saindo de uma via lateral.
Paulo abriu a janela do carro e berrou com o dono daquele carro. Não satisfeito, ainda lhe dirigiu alguns palavrões.
Marco, o motorista do outro veículo, não aceitou aquilo sem reação. Afinal, ele também estava muito apressado. Tomou de toda a sua raiva e com uma manobra rápida, na curva seguinte, fechou o carro de Paulo.
A tensão estava agora cada vez maior. Paulo não cabia em si de raiva. Aquele motorista atrevido o provocara por duas vezes.
Também manobrou com habilidade e, em questão de segundos, era ele que conseguia dar uma fechada no outro veículo, deixando apenas alguns centímetros entre os dois carros.
O ódio foi aumentando. Parecia uma guerra para se decidir quem aguentaria mais a tensão ou quem venceria a batalha, colocando, quem sabe, para fora da estrada, o outro.
Os dois dirigiam como loucos ao volante. Exatamente quando Paulo pensou que tinha deixado o outro carro para trás, numa nuvem de poeira, olhou pelo espelho retrovisor e lá estava ele de novo.
Marco pisou no acelerador, abriu a janela e retribuiu os xingamentos de Paulo, lembrando-se de acrescentar mais alguns.
Foi como jogar lenha na fogueira. A perseguição passou a ter um lado ainda mais perigoso e ousado. No entanto, da mesma forma repentina com que começou, tudo terminou com uma freada barulhenta e repentina.
Paulo parou e desceu do carro. Marco estacionou o seu carro ao lado.
Os dois entraram no mesmo prédio. Depois, no mesmo elevador. Surpresos, olhavam um para o outro, soltando chispas de ódio.
Estavam totalmente desnorteados quando saíram do elevador e se dirigiram para a mesma porta.
A verdade se tornou patente quando começaram a falar, com gentileza e educação, um para com o outro: Paulo, o fornecedor, e Marco, cliente, estavam correndo, atrasados, para a reunião que tinham um com o outro.
* * *
Ser educado com todas as pessoas nos exime de muitos aborrecimentos e de vergonha.
Em qualquer trilha da nossa vida podemos reencontrar pessoas que, num momento de insanidade, desrespeitamos. Porque os caminhos se cruzam, as faixas se unem e nunca se sabe onde, quando e em que circunstâncias tornaremos a nos encontrar com aquelas mesmas pessoas.
Redação do Momento Espírita com base no livro Pequenos milagres, v. 1, de Yitta Halberstam e Judith Leventhal, ed. Sextante.
Em 13.01.2012.