Se um arco-íris dura mais do que quinze minutos, não o olhamos mais.
A constatação é do filósofo alemão Goethe e representa muito do que vai na alma humana, nestes dias.
Nós, da geração do imediato, do prático, do instantâneo, acabamos tendo dificuldade em nos demorarmos em qualquer experiência que seja, mesmo que prazerosa.
Por que será que muitos de nós acostumamos com a beleza e, então, deixamos de contemplá-la?
Por que será que muitos nos habituamos com as coisas boas que temos na vida e deixamos de valorizá-las?
Alguns não observamos mais as estrelas como se, depois de algum tempo, perdessem sua grandiosidade, seu mistério e deixassem de ser interessantes.
Alguns esquecemos de olhar o pôr-do-sol. Afinal, ele acontece todo dia e talvez não nos surpreenda mais...
Outros deixamos de admirar a esposa, o marido, os filhos, como se esses arco-íris, que temos ao nosso lado, perdessem suas cores ao longo da convivência.
Alguns ainda deixam de se deslumbrar com a própria existência, após alguns anos de luta, esquecendo que cada dia é um novo milagre, uma nova chance, um novo arco-celeste multicolor.
De tão focados no trabalho e nas questões práticas da vida cotidiana, que aprendemos a ser, acabamos nos tornando grandes distraídos.
Sim, distraídos no sentido de esquecidos, pouco atenciosos no que diz respeito às questões mais importantes da existência.
Por isso, em alguns momentos na vida precisamos parar tudo. Parar até de pensar tantas coisas ao mesmo tempo.
As técnicas de meditação nos ensinam este valioso hábito: limpar a mente. Pensar numa coisa de cada vez. Pensar em algo por muito tempo, sem deixar que a mente fique pulando de galho em galho.
Precisamos aprender a observar cada arco-íris até o fim, saboreando esses instantes de maravilhosa beleza, sem deixar que passem, assim, correndo, ou tão rápido, como dizemos popularmente.
A pressa não é apenas inimiga da perfeição mas também da alegria, do deleite e das emoções verdadeiras.
* * *
Pare e observe.
Pare e observe algo simples mas fascinante, como a disposição dos galhos numa grande árvore. Imagine quantos seres têm sua moradia ali, escondidos, mas vivos e atuantes no ecossistema.
Pare e observe uma porção de água qualquer: um pequeno lago, uma poça ou até mesmo a água dentro de um copo.
Perceba o comportamento dela quando se gera alguma vibração. Note a forma das ondas.
Coloque a ponta de um dos dedos e sinta a temperatura, a forma com que ela o envolve.
Pare e observe uma criança dormindo. Acompanhe a calma da respiração, a paz de sua expressão, a beleza dos traços...
Pare e observe a vida, os dias, as pessoas. Pare e observe o amor, onde quer que esteja.
Nossa alma se acalma, ganha forças e se aproxima do Criador, sem esforço, sem tensão.
Pare e observe...
Redação do Momento Espírita.
Disponível no cd Momento Espírita, v. 22, ed. Fep.
Em 5.9.2012.