O nome do casal Curie, Pierre e Marie, estará para sempre associado à radioatividade. Desde o momento em que Marie Curie conseguiu isolar um precioso grama de radium, a vida de ambos se modificou.
Em 1903, foram convidados para uma conferência sobre o radium, que se realizaria em famosa instituição de Londres.
O casal foi. Pela primeira vez uma mulher era admitida às sessões daquela instituição londrina.
Eles compareceram a muitas recepções, pois todos desejavam conhecer os pais do radium.
Pierre foi às brilhantes recepções vestido de preto. A mesma roupa que utilizava no curso que ministrava em Paris. Marie era olhada como um animal muito raro. Ela era um fenômeno, uma mulher física.
Ela usava vestido escuro com leve decote e mãos sem luvas. As mãos que se apresentavam roídas pelos ácidos das experiências.
Contudo, as damas que compareciam aos banquetes usavam nos dedos e no colo as mais preciosas pedras do Império Britânico.
Marie sentia um verdadeiro prazer em contemplar essas joias. Observou também que o marido olhava as joias de forma fixa, passeando o olhar por todas aquelas belas mulheres, carregadas de preciosidades.
À noite, quando se recolheram ao quarto para o repouso, ela comentou:
Nunca imaginei que existissem joias assim. Que coisa maravilhosa!
O marido sorriu e falou:
Durante o jantar, fiquei observando os anéis, os colares e os brincos. Enquanto todos conversavam comecei a fazer a conta de quantos laboratórios seria possível construir com as pedras que cada uma dessas damas carregava. E para nós seria suficiente um laboratório.
Quando chegou o fim do jantar, acredite, a minha conta já tinha alcançado um número astronômico.
* * *
Assim são as grandes almas. Tudo o que veem, o que para os outros é simplesmente beleza, ornamento ou capricho, para elas se transforma em algo incrivelmente útil.
Grande é a sua capacidade de ver o bem a ser feito e espalhado, nas maiores proporções possíveis.
Eles nos ensinam, com suas vidas, que existem valores mais preciosos do que aqueles perecíveis, que mudam de mãos ao sabor das questões financeiras.
Convidam-nos, igualmente, a olhar em nossos lares, em nossos armários com atenção e descobrir o que se encontra ali guardado há muito tempo, sem uso, e que, em mãos sábias se transformaria em agasalho, alimento ou abrigo às criaturas necessitadas.
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O casal Curie renunciou à riqueza, ao partilhar suas descobertas na íntegra com todos os demais sábios.
Eles poderiam ter se considerado os descobridores do radium e patenteado a sua descoberta. Teriam, assim, assegurado os seus direitos de participação na indústria do radium.
Mas como perceberam que o radium poderia servir para a cura de doentes, acreditaram ser errado retirar vantagens disso.
Com incrível senso de humanidade e doação, cederam todas as suas informações, partilhando a descoberta que hoje beneficia inumeráveis vidas.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 16, do livro Madame Curie, de Eva Curie, ed. Companhia Editora Nacional.Disponível no livro Momento Espírita, v.2, ed. Fep.Em 22.11.2011.