Muitos Espíritos se sentem injustiçados após o fenômeno da morte física.
Incontáveis gastam um tempo incomensurável em atitudes de revolta.
Contudo, todos acordam um dia.
Libertam-se dos pesadelos em que se debatiam e se arrependem.
Choram sentidas lágrimas e reconsideram sua situação.
Identificam amigos que lhes estendem os braços, após romperem as teias de incompreensão em que se prendiam.
Observam, porém, a sombra que ainda carregam no íntimo.
Identificam a luz de quem melhor soube viver no mundo e suspiram por merecer situação semelhante.
Sentem-se quais pássaros mutilados que sonham com altos voos pelo céu azul.
Reconhecem, finalmente, o valor da experiência física na qual lhes cabe refazer as próprias asas.
Retornam, então, aos antigos locais em que viveram e se iludiram.
No entanto, quase sempre tudo sofreu radical mudança.
Paisagens queridas se alteraram, facilidades sumiram e afetos abandonados evoluíram em outros rumos...
Personalidades do poder transitório, que abusaram do povo, assistem às privações das classes humildes.
Verificam o martírio silencioso de quem se levanta a cada dia, para a contemplação da própria miséria.
Avarentos que rolaram no ouro regressam às paredes amoedadas dos descendentes.
Aí acompanham os mendigos que lhes recorrem inutilmente à caridade.
Anotam quanto dói suplicar migalhas de pão a corações endurecidos no orgulho.
Escritores que se faziam especialistas da calúnia e do escândalo tornam à presença de seus próprios leitores.
Examinam os entorpecentes e corrosivos mentais que produziram, impunes.
Pais e mães displicentes ou desumanos voltam aos redutos domésticos de seus rebentos desorientados.
Observam, então, as raízes da crueldade ou da viciação por eles mesmos plantadas.
Malfeitores, que caíram na delinquência, socorrem as vítimas de outros criminosos.
Com isso, avaliam os processos de sofrimento com que supliciavam a carne de seus semelhantes.
Mas isso não basta.
Compreender o equívoco cometido é muito pouco.
Depois do aprendizado, é preciso retomar o campo de ação.
Urge renascer e ressarcir, progredir e aprimorar, solvendo débito por débito perante a Lei.
Ciente dessa realidade, convém prestar atenção no modo como vivemos.
A reencarnação é uma bendita oportunidade de purificação e conquista de paz.
Constitui uma preciosa bolsa de trabalho e estudo, com amplos recursos de pagamento.
Assim, qualquer que seja a provação que nos assinale o caminho, evitemos reclamar.
Ao contrário, amemos e trabalhemos com ternura e dedicação.
Soframos, se necessário.
Mas sempre agradeçamos a Deus.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 37, do livro Justiça Divina, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.Em 21.11.2011.