Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
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 Conta-se que um rico fazendeiro foi queixar-se ao padre da paróquia local, dizendo que as pessoas não o viam com bons olhos porque ele não ajudava as outras pessoas nem contribuía com as obras assistenciais da igreja.

Ora, disse o fazendeiro, todos sabem que, quando eu morrer, deixarei tudo o que tenho para a igreja e seus pobres.

O sacerdote, homem sábio, disse ao fazendeiro: Vou lhe contar uma história. A história da vaca e do porco.

Um dia o porco foi reclamar com a vaca porque ninguém lhe dava valor. Todos o desprezavam.

"Afinal", disse ele, "eu doo tudo o que tenho aos homens. Eles consomem a minha carne, usam meus pelos para fazer pincéis, e aproveitam até meus ossos.

Mesmo assim sou um animal desconsiderado. O mesmo não acontece com você, que dá apenas o leite e é reverenciada por todos", concluiu o pobre porco.

A vaca, que ouvia com atenção, falou: "Talvez seja porque eu doo um pouco de mim todos os dias, enquanto estou viva, e você só tem utilidade depois de morto.

O fazendeiro agradeceu ao padre pela lição e se retirou pensativo.

*   *   *

E você, em que tem contribuído com a sociedade da qual faz parte, enquanto está a caminho?

Muitos pensam e agem como o fazendeiro. Pretendem dispor dos seus bens apenas depois da morte, quando não precisarão de mais nada.

Outros pensam em doar um pouco do seu tempo ao próximo só depois que se aposentarem.

No entanto, a necessidade não aguarda o tempo propício para visitar os desafortunados.

A carência pede socorro agora, não mais tarde.

A necessidade roga mãos caridosas hoje, não amanhã.

A ignorância solicita esclarecimento imediato, não num futuro distante.

Existem tantas frentes de trabalho aguardando mãos dispostas a se movimentar em prol do semelhante, nos mais variados campos de ação. Basta boa vontade e disposição.

Os recursos que Deus coloca em nossas mãos são para serem movimentados em favor do bem geral, produzindo bem-estar e fomentando a esperança.

E, por recursos, entendemos não só os bens materiais, mas a saúde, a lucidez, as condições favoráveis de modo geral.

Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, perguntou aos Sábios do Além se, para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal.

E os Benfeitores responderam: Não; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem.

Percebemos, assim, que o mal que resulte da nossa omissão ou indiferença, será de nossa inteira responsabilidade perante as leis maiores.

Quando temos condições de praticar o bem e não o fazemos e daí resultar algum mal, esse será por nossa conta.

Questão grave esta, que merece nossa atenção.

Se somos daqueles que dizemos: Eu não faço mal a ninguém, e achamos que isto basta, reconsideremos nossos conceitos, pois as leis estabelecem que devemos fazer o bem no limite de nossas forças.

E nossas forças contemplam tudo o de que dispomos em nosso favor: forças físicas, intelectuais, morais, financeiras.

Assim sendo, é importante que façamos um balanço das nossas possibilidades e as movimentemos, de forma efetiva, na construção de uma sociedade mais justa e mais feliz, agora.

*   *   *

Se você tem condições de auxiliar uma criança pobre a ter acesso à escola e à saúde, agora, talvez esteja evitando que um criminoso a mais se movimente pelas ruas, amanhã.

Se você pode custear a Universidade de um jovem carente, hoje, e não o faz, é bem provável que tenhamos um delinquente a mais no futuro.

Enfim, se você pode ajudar a construir escolas no presente, por que esperar a necessidade de se construir prisões amanhã?

Pense nisso, mas pense agora.

Redação do Momento Espírita, com base no item 642 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb,  e no vídeo Um impulso para as águias, da Siamar.
Em 03.11.2011.
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