É natural que, no dia-a-dia, vejamo-nos diante das mais variadas situações em que as abençoadas lições do Cristo parecem distantes e utópicas.
Circunstâncias em que deixamos o caminho do bem e pegamos o atalho do equívoco.
Há momentos em que a mágoa e a irritação assumem o controle e, então, más palavras e pensamentos ruins influenciam as atitudes.
A paz íntima, tão valiosa, é abandonada e, em rompantes lamentáveis, permitimos que as relações familiares ou sociais sejam prejudicadas pelo azedume de comentários e pela acidez de atos.
Após, então, quando a capacidade de raciocínio é recuperada, o remorso invade nosso íntimo, consumindo, pouco a pouco, construções espirituais das mais notáveis.
Foi por causa de um intenso sofrimento como esse que Judas se deixou arrastar pela proposta suicida.
Ele poderia ter se redimido voltando atrás e recuperando a integridade interior, afastando-se da ideia infeliz que o estimulou a abandonar a vida.
O Mestre o amaria do mesmo modo.
O Senhor o aconchegaria - como o fez - após o desvairamento.
Inúmeros foram os criminosos no mundo que admitiram seus erros, sob o peso do remorso, começando o processo do arrependimento e da reparação.
Voltaram ao caminho de suas vítimas, mesmo que delas sofressem acusações e até agressividades.
Quem está disposto a renovar-se não teme os corretivos ou remédios, ainda que doloridos e amargos.
É necessário aprender a pedir desculpas, a confessar erros, a admitir equívocos, para que o remorso não se aninhe na alma.
Tal sentimento não será capaz de, sozinho, acalmar a consciência culpada, nem de corrigir os estragos produzidos.
É preciso que posturas sensatas sejam adotadas.
O caminho da luz deve ser retomado.
Somente assim o arrependimento terá o poder de reerguer, e não mais nos fazer sucumbir sob o peso e a culpa pelo passado.
Não somos infalíveis, nem invulneráveis.
Confessemos nossos erros, quando eles vierem a ocorrer.
Partamos, em seguida, para o acerto.
Pois, todos que seguem pelos caminhos humanos podem tropeçar e tombar.
Que essa verdade não seja justificativa para reincidências e recaídas, mas que seja, sim, motivação para o recomeçar constante e diário.
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O caminho para a perfeição ainda é um trajeto longo e distante.
Somos Espíritos iniciantes e inexperientes nessa bela e infinita jornada.
Muitas serão as dificuldades que se apresentarão e, por certo, por muitas vezes, ainda, escolheremos trilhas equivocadas que não nos levam ao destino almejado.
Diversas serão as ocasiões em que nos veremos enrodilhados em nossos próprios vícios, ferindo nossos amores e destruindo projetos e sonhos.
Não paremos na estrada cabisbaixos, a chorar pelo tempo perdido, tampouco pelo estrago havido.
Sequemos as lágrimas, busquemos curar as feridas produzidas pela incúria e pela imprudência.
Feridas que causamos nos outros e em nós mesmos.
Reconstruamos as obras que nossos atos impensados e nossas palavras amargas arruinaram.
Resgatemos todo o sofrimento que produzimos com o nosso mal ou com a nossa omissão no bem.
Façamos nossa parte, sem lamentações inúteis nem lamúrias estéreis.
Ergamos os olhos e, buscando a luz da verdade e a senda do bem, sigamos em frente.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 21 do livro Para uso diário, pelo Espírito Joannes, psicografia de José Raul Teixeira,ed. Fráter.Em 22.08.2011.