Em uma pequena cidade, a cena causava espanto e admiração, ao mesmo tempo, talvez porque o protagonista da história fosse um senhor bem idoso.
Ele costumava passar o dia inteiro plantando árvores.
Certo dia, algumas pessoas que passavam por ali pararam, admiradas, observando aquele ancião a plantar mudas ao longo da rua.
Lisonjeado com o interesse, o velho parou seu trabalho e explicou:
Meus filhos andam sempre insistindo comigo para mandar fazer uma sepultura.
Mas eu tenho uma ideia melhor.
Obtive licença para plantar árvores nas ruas ainda não arborizadas, e é assim que estou gastando o dinheiro que poderia ser empregado num mausoléu.
Já estou com 80 anos e nunca vi ninguém procurar a sombra de uma sepultura para descansar, nem é num cemitério que a criançada vai brincar.
Daqui a 20 anos, meu nome estará completamente esquecido. Mas meus netos e outras tantas crianças estarão aqui para admirar e usufruir destas árvores.
Ademais, quem passar por estas calçadas, nos dias de calor, há de achar agradável a sombra delas.
* * *
Impressionante a lucidez daquele homem que já vivera quase um século.
A sua capacidade de discernimento era maior que a dos filhos que, certamente, não queriam se incomodar com a construção de um túmulo para o velho pai, quando ele fechasse os olhos para o mundo dos chamados vivos.
Utilizando-se dos próprios recursos, financeiros e de forças físicas, ele tratou de produzir coisas úteis, ao invés de construir o próprio túmulo e esperar a morte chegar.
Por certo deixara aos mortos, como o recomendara Jesus, o cuidado de enterrar seus mortos.
Deixara para os filhos, que estavam mortos para os verdadeiros valores da vida, o cuidado de enterrar aquele que pensavam estivesse morto mas que, em realidade, estava mais do que vivo.
O personagem dessa história, certamente já foi enterrado há muito tempo, considerando-se que o fato ocorreu há mais de 40 anos.
Mas o seu Espírito imortal e lúcido talvez esteja, neste mesmo instante, revestido de um novo corpo infantil, pela Lei da Reencarnação, brincando de cabra-cega entre as árvores plantadas por ele mesmo há anos atrás.
Considerando-se sob esse aspecto, entenderemos porque é que quem faz o bem pensando nos outros acaba beneficiando-se a si mesmo. E quem faz o mal, igualmente recebe o mal como resposta.
Esse é o efeito bumerangue, ou Lei de Causa e Efeito ou, ainda, o a cada um segundo suas obras, ensinado por Jesus.
* * *
Quem planta flores, planta beleza e perfumes para alguns dias. Quem planta árvores, planta sombra e frutos por anos, talvez séculos.
Mas quem planta ideias verdadeiras, planta para a Eternidade.
Redação do Momento Espírita, com base
em história publicada em Seleções
Reader’s Digest.
Em 08.03.2010.