Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone Triunfo do amor (O)
 

 

Os que laboram com Direito de Família estão habituados a atenderem dramas humanos.

Mães, que são sós para tudo, desde levar o filho ao colégio, ao médico, ensinar, educar, chorar, sofrer, entram com ações, no intuito de despertar nos ex-maridos os deveres de, ao menos, alimentarem seus rebentos.

E os casos mais tristes se avolumam: pais que abandonam filhos por um novo amor, pais que desejam ter direito a visitas, enfim, dores e mais dores.

E, de modo geral, o ex-casal não se dá conta que os filhos ficam no meio dessa disputa de egoísmo,  incompreensão e teimosia.

Contou-nos um advogado espírita, que labora em Varas de Família, a respeito de uma ação de regulamentação de visitas. A mãe desejava estabelecer dia e hora do acesso do pai ao filho.

O menino foi à audiência. Seu olhar era triste, traduzindo profunda melancolia. A separação fora tumultuada. O marido traíra a esposa e fora expulso aos tapas de casa. Isso há três anos.

Nesse ínterim, raras tinham sido as vezes que o pai vira o filho.

O conciliador da audiência perguntou da possibilidade de ser estabelecido um acordo. O pai, réu na ação, quedou-se em silêncio.

A mãe esclareceu que buscara a justiça para que o pai fosse obrigado a visitar o filho.

O menino baixou a cabeça, meneando-a de um lado para outro, como a dizer: Deixa, mãe. Ele não me quer.

Mas ela não parava de falar. As palavras brotavam da sua boca, em jorros, colocando toda sua mágoa para fora. Afinal, perguntou, se não dera certo a relação matrimonial, que culpa tinha o filho?

Convidado a falar, o pai, numa frieza cadavérica, perguntou se já podia ir embora, desde que não haveria acordo mesmo.

Sem olhar para o filho, que era sua fotocópia autenticada, disse que queria virar aquela página da sua vida.

Ele já tinha outra família, uma esposa e uma filha que era o seu xodó.

Quando ele abriu a carteira para, naquele gesto espontâneo de pai, mostrar a foto da filha, o menino se esticou todo.

Olhou a foto e, entusiasmado, falou: Ô, pai! Leva a garota lá em casa. Quero brincar com minha irmã!

Foi o que bastou para que o pai, antes duro como uma rocha, caísse em pranto convulsivo.

E o que a catadupa de raiva da esposa e todas as ponderações do conciliador acerca da responsabilidade paterna não haviam conseguido, o garoto alcançara com as palavras mágicas: Quero brincar com minha irmã.

Esquecendo o próprio abandono e o que ali se discutia, o menino o chamava de pai e desejava conviver com a desconhecida irmã.

E a fera foi dominada pelo amor, mais uma vez. Isso porque o amor é a maior força do Universo.

Pensemos nisso!

 

Redação do Momento Espírita, com base no artigo O direito de família e a Doutrina Espírita, de Hélio Ribeiro, dirigente e expositor espírita de Niterói/RJ.

Em 03.08.2011.

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