Quando abraces teu filho, no conforto doméstico, fita essas outras crianças que jornadeiam sem lar.
Dispões de alimento abundante para que teu filho se mantenha em linha de robustez. Essas outras crianças, porém, caminham desnorteadas, aguardando os restos da mesa que lhes atiram, com displicência, após o repasto.
Escolhes a roupa nobre e limpa com a qual teu filho se vestirá, conforme a estação.
Todavia, essas outras crianças tremem de frio, recobertas de andrajos.
Defendes teu filho contra as intempéries, sob teto acolhedor, sustentando-o como se fosse uma joia.
Contudo, essas outras crianças cochilam estremunhadas na via pública.
Abres, ao olhar deslumbrado de teu filho, os tesouros da escola.
E essas outras crianças suspiram em vão pela luz do alfabeto, acabando, muita vez, encerradas no cubículo das prisões, à face da ignorância que lhes cega a existência.
Conduzes teu filho a exame de pediatras distintos sempre que demonstre leve dor de cabeça.
Entretanto, essas outras crianças minadas por moléstias atrozes, agonizam em leitos de pedra, sem que mão amiga as socorra.
Ofereces aos sentidos de teu filho a festa permanente das sugestões felizes, através da educação incessante.
No entanto, essas outras crianças guardam olhos e ouvidos quase sintonizados no lodo abismal das trevas.
Afaga assim, teu filho no trono familiar, mas desce ao pátio da provação onde essas outras crianças se agitam em sombra ou desespero e ajuda-as quanto possas!
Quem serve no amor de Cristo, sabe que a boa palavra e o gesto de carinho, o pedaço de pão e a peça de vestuário, o frasco de remédio e a xícara de leite operam maravilhas.
Proclamas a cada passo que esperas confiante o esplendor do futuro, mas, enquanto essas outras crianças chorarem desamparadas, clamaremos em vão pelo mundo melhor.
Redação do Momento Espírita, com base em mensagem do Espírito
Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Em 06.06.2011.