Contam-nos os Evangelhos que, após a morte de Jesus, havia um ambiente de desânimo e expectativa entre os Apóstolos, na espera do cumprimento de Sua promessa de retorno, para comprovar a Imortalidade da alma e continuidade da vida.
Depois da crucificação infame e injusta, a dor da perda se misturava ao aturdimento da situação prevista pelo próprio Jesus, porém, indesejada por todos os Seus.
Alguns poucos estavam reunidos por Ele e em nome dEle. Apenas os onze mais próximos, Sua mãe, alguns amigos íntimos.
A atmosfera de profunda tristeza e melancolia que se fazia, desde o sepultamento, foi rompida bruscamente pela figura que adentrava à sala de maneira brusca e intensa.
Vinha com a notícia que todos esperavam: o Messias havia retornado dos umbrais da morte. Ela mesma houvera tido um rápido colóquio com Ele. Suficiente, no entanto, para reconhecê-lO e enternecer-se novamente com a suavidade do Seu verbo.
Ao verem Maria de Magdala adentrar na casa com a notícia surpreendente, quase todos pensaram: Por que o Mestre escolhera aparecer para ela?
O seu passado de vendedora de ilusões, de meretriz, na cidade de Magdala, fazia-os refletirem: Por que o Mestre aparecera a ela para dar a notícia?
A pergunta pairava no ar e parecia não haver uma resposta lógica. Contudo, se eles consultassem a memória, poderiam lembrar da própria fala de Jesus.
Poderiam se dar conta de que aquela mulher, buscando um novo entendimento e comportamento perante a vida, após seu encontro com Jesus, rompera com tudo e todos do seu passado.
Começara uma nova vida. Após o diálogo com Jesus, foi capaz de se desfazer da casa rica em que morava, distribuir seus bens e segui-lO.
Também poderiam recordar de como ela demonstrara seu amor ao Mestre, lavando-Lhe os pés com suas lágrimas e secando-os com seus cabelos.
E Jesus, percebendo-lhe a alma vibrar de maneira diferente, oferece uma das mais profundas lições, dizendo-lhe: Vai, mulher. E não tornes a pecar. Muito te foi perdoado porque muito amaste.
A frase nos reporta a profundos significados do amor. Diz-nos da capacidade do amor em sublimar todas as nossas dificuldades e erros.
Jesus nos ensina que nenhum dos nossos delitos é imperdoável. Não há atitude nossa que não possa ser refeita ou comportamento que não possa ser reestruturado. E o caminho é um só: o amor.
Ensina-nos Jesus que não devemos nos afogar em processos de autopunição, acreditando que não haja perdão para a falta que tenhamos cometido.
Ensina-nos que não devemos nos martirizar pelo erro cometido porque sempre a vida nos oferece a oportunidade de amar.
E o amor cobre a multidão dos delitos, permitindo ser reestruturada nossa intimidade.
Jamais imaginemos que nosso erro seja tão grave ou nossa ação tão absurda que não possibilite acertos.
É claro que teremos que arcar com as consequências de nossas ações, porém, será sempre a nossa disponibilidade de aprender a amar que nos dará os caminhos para a felicidade e nos abrirá as portas dos céus.
A lição era tão importante que foi justamente a quem tanto se propôs a amar que Jesus escolheu para ser a emissária da Boa Nova do Seu retorno: a certeza de que Ele estaria sempre conosco.
Redação do Momento Espírita.
Em 16.04.2011.