Papai, monstros existem?
Na verdade, não, meu filho, eles não existem. Monstros são apenas pessoas que, de tão tristes e infelizes, acabaram ficando feias. Mas, isso não dura. Elas sempre voltam a sorrir.
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Na sociedade, onde aprendemos a chamar criminosos de monstros, e que cultiva e se alimenta do ódio àqueles que cometem maldades, faz-se necessário algumas reflexões.
A explicação do pai ao filho pequeno sobre a existência dos monstros, faz-nos entender que ninguém é mau por natureza.
Na Criação de Deus não há nenhum ser, lei ou coisa qualquer que seja má, ou destinada ao mal.
O mal não é intrínseco ao indivíduo, não faz parte da natureza íntima do Espírito; é, antes, uma anomalia, como são as enfermidades.
O bem, tal como a saúde, é o estado natural, é a condição visceralmente inerente ao Espírito.
Um corpo doente constitui um caso de desequilíbrio, precisamente como um Espírito transviado, rebelde, viciado ou criminoso.
O mal é construído por nós, por nossa dor, por nossa revolta e incompreensão.
São esses os venenos que atiramos em nós mesmos, e que nos transformam em monstruosidades.
Assim, enquanto o ódio existir na alma, enquanto a revolta falar mais alto que o bom senso ou que o amor, ainda nos travestiremos de monstros. Enfermos da alma.
Esse ódio pode ter sua nascente num lar desfeito ou num lar que nunca existiu.
Pode ter nascido de um trauma, de um grande mal sofrido em algum momento, que fez com que aquela criatura rompesse com a sociedade, desacreditando do amor e da vida.
Às vezes, leva-se encarnações e mais encarnações para que a máscara assustadora vá caindo, e a verdadeira feição do Espírito imortal em busca de luz, volte a surgir.
Deus, que é todo bondade, pôs o remédio ao lado do mal, isto é, faz que do próprio mal saia o remédio.
Um momento chega em que o excesso do mal moral se torna intolerável e impõe ao homem a necessidade de mudar de vida.
Instruído pela experiência, ele se sente compelido a procurar no bem o remédio, sempre por efeito do seu livre-arbítrio.
Quando toma melhor caminho, é por sua vontade e porque reconheceu os inconvenientes do outro.
A necessidade, pois, o constrange a melhorar-se moralmente, para ser mais feliz, do mesmo modo que o constrangeu a melhorar as condições materiais da sua existência.
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Os chamados monstros, chacais, são no íntimo almas como eu e você, almas que buscam a felicidade e que se perderam nesse caminho.
Eliminá-los da Terra, simplesmente, não resolve. Se foram criados assim na sociedade, e por vezes, pela própria sociedade, é responsabilidade nossa a sua reabilitação.
Pode demorar vidas, é certo, mas é necessário começar em algum momento, e um bom começo se dá quando nós, já um pouco mais esclarecidos, desejamos o bem a esses irmãos, ao invés de desejar o mal.
O mal eles já têm de sobra, então, só o bem, quando lhes tocar as cordas íntimas do Espírito, é que os poderá salvar do sofrimento.
Monstros... realmente não existem.
Redação do Momento Espírita.
Em 20.04.2011.