A médica suíça Elisabeth Kübler-Ross, que ficou conhecida no mundo por seu trabalho junto aos doentes terminais e por escrever a respeito da morte e o morrer, também exemplificou lições ricas de vida.
Ela narra em sua biografia que decidiu comprar uma fazenda de trezentos acres, numa região rural do Estado da Virgínia.
A vida simples da fazenda a apaixonou. Acordava com uma sinfonia de vozes de vacas, cavalos, galinhas, porcos, burros, lhamas...
Os campos se desdobravam até onde sua vista podia alcançar, cintilando sob o orvalho fresco da manhã.
Árvores amigas ofereciam sua sabedoria silenciosa.
Suas mãos tocavam a terra, a água, o sol. Trabalhavam com a matéria-prima da vida.
Porque ela anunciasse que iria adotar bebês contaminados pela AIDS, começou a sofrer perseguições dos vizinhos.
Em 1994, ela estava para tomar um avião quando uma amiga veio correndo ao seu encontro, no aeroporto. Haviam colocado fogo em sua casa.
Queimou inteira e foi considerada perda total.
Queimaram os diários que seu pai escrevera sobre a infância dela, os seus papéis e pesquisas com pacientes, sua coleção de arte nativa norte-americana, fotografias, roupas... Tudo.
Mas ela não desanimou. Pelo contrário, escreveu: As adversidades somente nos tornam mais fortes.
Viver é como ir para a escola. Dão a você muitas lições para estudar. Quanto mais você aprende, mais difíceis ficam as lições.
Aquela experiência foi uma dessas lições. Já que não adiantava negar a perda, eu a aceitei.
De qualquer forma, era só um monte de coisas. Eu estava ilesa. Meus dois filhos crescidos estavam vivos.
Algumas pessoas tinham conseguido queimar a minha casa com tudo o que estava dentro, mas não tinham conseguido me destruir.
Quando aprendemos as lições, a dor se vai. Aprendi que não há alegrias sem dificuldades. Como gosto de dizer: "Se protegêssemos os Canyons dos vendavais, nunca saberíamos a beleza de seus relevos."
Confesso que aquela noite de outubro foi uma dessas ocasiões em que é difícil encontrar beleza.
Como acredito que o único propósito de nossa existência é crescer, fiz minha escolha.
Alguns dias depois, dirigi-me à cidade, comprei uma muda de roupas e me preparei para o que viria em seguida.
* * *
Nunca é tarde demais para recomeçar a vida ou retomar um empreendimento.
Por mais profunda que nos pareça a queda ou por mais duro que nos pareça o infortúnio, hoje pode ser o ponto de retorno e de elevação a um pico mais acima. A um voo mais alto para a alma.
Nunca é tarde demais para corrigir e melhorar o que notamos errado. Nunca é tarde para compensar enganos. Para compreender e perdoar.
Nunca é tarde demais para nos voltarmos para Deus e lhe aguardar as bênçãos.
Nunca é tarde demais para aprender com a própria vida.
Redação do Momento Espírita, a partir de biografia de Elizabeth Kübler-Ross.
Em 14.04.2011.