Conta-se que, no tempo de Buda, uma jovem chamada Kisa Gotami sofrera uma série de tragédias. Primeiro foi seu marido que morreu, depois um outro familiar.
Tudo que lhe restava era seu único filho. Logo ele também adoeceu e morreu. Lamentando-se de dor, ela tomou nos braços o corpo do filho morto e passou a carregá-lo por toda parte, pedindo ajuda.
Deveria haver, em algum lugar, alguém ou algo, um remédio, uma poção que o trouxesse de volta à vida.
Sua busca, no entanto, se mostrou infrutífera. Até que ela se achegou frente a Buda, que estava ensinando em um bosque.
Aproximando-se, suplicou em pranto para que ele trouxesse seu filho de volta à vida.
Buda, de imediato, concordou. Disse-lhe, contudo, que ela precisava lhe trazer um punhado de sementes de mostarda. Com um detalhe muito importante. Deveria obter as sementes de uma família onde ninguém tivesse morrido. Nem pai, nem mãe, nem esposo, nem filho ou amigo.
A jovem voltou correndo para a vila. Na primeira casa que entrou e explicou a sua tragédia, logo recebeu as sementes. Quando se retirava, lembrou-se de perguntar se alguém morrera naquela casa.
Sim, disseram eles. Foi no ano passado.
Ela saiu a correr. Entrou na casa ao lado. E na outra. E outra mais. Em todas, alguma morte havia ocorrido. Era uma tia, um filho amado, uma filha recém-nascida. Um pai amoroso. Uma mãe carinhosa.
O que quer dizer que, depois de uma longa busca, ela não encontrou nenhum lar que não tivesse entrado em contato com a morte.
Debruçando-se de dor, deu-se conta de que o que acontecera a ela e ao seu filho, acontece a todos. Todos os que nascem, morrem um dia.
Então, carregou o corpo do filho morto até onde estava Buda e lá o enterrou.
Depois, curvou-se diante de Buda e pediu que ele lhe ensinasse as coisas que lhe trouxessem sabedoria e refúgio, neste mundo onde se nasce e se morre.
Os ensinamentos de Buda calaram profundamente em seu coração e ela iniciou a importante atitude de educar-se para a morte.
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Na qualidade de pais, nos preocupamos bastante em educar os nossos filhos, desejando vê-los se tornarem cidadãos produtivos e honrados.
O nosso é o anseio de os ver progredir, alcançar êxito na vida, sucesso em suas carreiras profissionais. Tornarem-se pais e mães conscientes.
Tudo muito louvável. Mas seria bastante oportuno que nos lembrássemos de os preparar, desde a infância, para a realidade da morte.
Isto porque o encontro com a morte é certo. Informá-los a respeito do que ela significa e afastar o terror de a enfrentar, acenando-lhes com a vida imortal é sinal de previdência e sabedoria.
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É curioso notar que em nosso tempo cuidamos da educação para a vida e esquecemos de que vivemos para morrer.
A morte é o nosso fim inevitável e, no entanto, chegamos a ela sem o menor preparo.
Quem primeiro cuidou da educação para a morte, em nosso tempo, demonstrando a necessidade do homem aprender a morrer, foi o mestre francês Allan Kardec.
Por anos seguidos, ele falou a respeito com os Espíritos dos chamados mortos e, em agosto de 1865, lançou uma obra que descreve a situação dos Espíritos no plano espiritual.
Chama-se O céu e o inferno - a Justiça Divina segundo o Espiritismo.
Redação do Momento Espírita, com base em conferência proferida por Divaldo Pereira Franco.
Em 17.01.2011.