Segundo a narrativa evangélica, após ver Jesus ser condenado, Judas se arrependeu profundamente.
Ele foi ter com os sacerdotes e queria lhes devolver as trinta moedas de prata que anteriormente tinha recebido.
Compungido, afirmou:
Pequei, traindo sangue inocente.
Eles, porém, disseram:
Que nos importa? Isso é contigo.
A palavra da maldade humana é sempre cruel para quantos lhe ouvem as criminosas sugestões.
O caso de Judas demonstra a inconsequência e a perversidade dos que cooperam na execução dos grandes delitos.
O espírito imprevidente por vezes considera e atende conselhos malévolos.
Mas, quando as consequências chegam, ele se encontra solitário.
Quem age corretamente sempre tem companheiros, se suas iniciativas são bem sucedidas, pois são muitos os que desejam partilhar as vitórias e desfrutar dos sucessos.
Contudo, raramente sentirá a presença de alguém que lhe comungue as aflições nos dias de derrota temporária.
Nesses momentos, somente sua consciência ilibada o socorrerá.
Semelhante realidade induz a criatura a precaução mais insistente.
A experiência amarga de Judas repete-se com a maioria dos homens, todos os dias, embora em diferentes setores.
Há quem ouça as delituosas insinuações da malícia ou da indisciplina.
Seja no trabalho, na vida social ou familiar.
Por vezes, o homem respira em paz, desenvolvendo as tarefas que lhe são necessárias.
Todavia, é alcançado pelo conselho da inveja ou da desesperação e perturba-se com falsas expectativas.
Passa a achar o dever ingrato.
Enamora-se de ganhos fáceis, aventuras inconsequentes ou folgas mais dilatadas.
Facilmente se convence de que faz mais do que o necessário, que é explorado e incompreendido.
Embalado nessas ilusões, consegue argumentos para desertar do dever.
Embrenha-se em labirintos escuros e ingratos, dos quais será muito difícil sair.
Quando reconhece o equívoco do cérebro ou do coração, volta-se para quem o aconselhou ou instigou.
É então que ouve a mesma frase dita a Judas, em seu momento de desespero:
Que nos importa? Isso é contigo.
Convém refletir sobre essa realidade, perante os conselheiros de plantão.
Nas complexas ocorrências da vida, a saída mais fácil raramente é a mais honrosa.
Contudo, o caminho do dever é o único que pode ser trilhado em paz.
Pouco importa que os outros aconselhem ou façam o contrário.
A responsabilidade pelo que se faz é pessoal e intransferível.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 91,
do livro Pão nosso, pelo Espírito Emmanuel, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
Em 15.2.2021
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