Narra-se que, certa vez, uma jovem indiana, desejando que seu filho tivesse saúde invejável, decidiu que seria importante para ele deixar de comer açúcar.
Acreditava que o açúcar era um produto que agredia o organismo. Afinal, ele possibilitava o aparecimento de cáries, além de ser um produto que facultaria à criança uns quilos a mais.
Por largo tempo ela falou ao filho para deixar de consumir o produto. Mas, a criança adorava açúcar e não o dispensava, deliciando-se com os doces mais variados.
Finalmente, a mãe procurou o Mahatma Gandhi e contou seu problema, pedindo que ele, com sua grande autoridade, falasse ao filho. Com certeza, ele seria ouvido e atendido pelo menino.
O sábio não afirmou que ela estava certa, nem errada. Contudo, pediu-lhe um prazo de 15 dias. Decorrido o tempo, ela deveria retornar com o filho até ele.
A mulher se foi, com a alma embalada pelas mais suaves esperanças. Os dias demoraram a passar. Até que chegou o dia marcado para pôr fim à ansiedade da indiana.
Ela tomou o filho pela mão e o levou até a presença de Gandhi, que se demorou a falar com o garoto, por mais de uma hora.
Terminado o diálogo, Gandhi se despediu do pequeno e devolveu-o à sua mãe.
A mulher estava muito curiosa. E, assim que pôde, perguntou ao Mahatma porque ele a fez esperar quinze dias, para só depois conversar com a criança.
É muito simples, respondeu Gandhi. Há quinze dias eu também consumia açúcar e precisava do prazo para abandonar o hábito, pois se não o fizesse, não teria autoridade moral para lhe pedir que o evitasse.
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A utilização ou não do açúcar na dieta alimentar não é o mais importante, no caso em pauta. O que se deve levar em conta é o fator exemplo.
O ilustre Gandhi não se sentia à vontade para pedir a uma criança que deixasse de fazer alguma coisa, se ele mesmo ainda a fazia.
Não desconhecia ele que, enquanto as palavras comovem multidões, o exemplo as arrasta.
Pensemos em quantas vezes temos tentado modificar os hábitos dos outros, utilizando-nos simplesmente das recomendações ponderadas, sem nos prendermos ao fato de que não estamos exemplificando corretamente.
Assim é no que diz respeito ao uso de drogas como o fumo e o álcool, que afirmamos que agridem e matam, que seu uso é maléfico, sem deixarmos, nós mesmos, do velho cigarro e dos aperitivos de vez em quando.
Assim é, ainda, com relação à frequência no templo religioso, nas aulas específicas de evangelização, quando dizemos aos filhos que são importantes, edificantes. Mas, nós mesmos sequer comparecemos ao templo para o estudo e a oração.
Dizer e fazer. Duas ações importantes. A segunda, com certeza, de peso seguro para a educação mais acertada.
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Jesus, o Divino Mestre, lecionando aos homens a Lei do trabalho, esmerou-Se nele, laborando na Sua infância e juventude na carpintaria do pai.
Dizendo que deveríamos perdoar setenta vezes sete vezes, perdoou Ele mesmo a todos os que O feriram e O trataram com rudeza e desprezo.
Isso porque, excelente pedagogo, Jesus reconhecia o extraordinário valor do exemplo, jamais dispensando-o na tarefa educativa dos seres.
Redação do Momento Espírita.
Em 27.10.2010.