Conta uma lenda que um homem tinha muitos pés de romãs em seu pomar.
Todos os anos, ele colocava suas romãs em bandejas de prata, do lado de fora de sua casa, com um bem elaborado cartaz:
Apanhe uma, de graça. Seja bem-vindo.
As pessoas passavam, olhavam, mas, ninguém apanhava uma fruta.
Então, depois de muitos outonos, o homem tomou uma decisão. Não colocou mais suas frutas à disposição. Na frente do pomar, colocou um grande anúncio:
Temos aqui as melhores romãs da Terra. Estamos vendendo por um valor maior que quaisquer outras romãs.
Para sua surpresa, muitos homens e mulheres da vizinhança vieram comprá-las.
* * *
Embora pareça simples, a lenda nos traz lições valiosas.
Alguns de nós, a exemplo daquele povo, desprezamos as coisas simples ou que são de graça, valorizando aquilo pelo que temos que pagar elevado preço.
É um conceito equivocado de que o que é de graça ou muito barato, não presta.
Por vezes, ouvimos o anúncio de um espetáculo, um concerto, uma peça teatral, com entrada franca. É comum pensarmos que não deve valer a pena assistir.
Se é o convite para uma palestra em que não se cobrará ingresso, igualmente, imaginamos que não pode ser coisa boa.
No entanto, se ouvimos a chamada para uma palestra de um profissional, cujo ingresso custará um alto valor, ficamos entusiasmados.
E lamentaremos se não pudermos adquirir o ingresso.
O que fazemos, nesses casos, é julgar o valor das coisas pelo seu preço, o que nem sempre é uma realidade.
O verdadeiro afeto de um amigo, por exemplo, não é cobrado. Por vezes, não o valorizamos tanto quanto valorizamos um cliente, que significa para nós um investimento financeiro.
O carinho de uma mãe não nos custa nada, mas é mais valioso que qualquer bem da Terra.
Há muitas coisas que nos chegam de graça, e têm valor inestimável. Por isso mesmo, não têm preço em moeda.
O ar que respiramos nos chega gratuitamente, e sem ele não viveríamos.
A água que nos sustenta a vida, Deus nos dá de graça, regando os campos, enchendo os rios, saneando a atmosfera.
O perfume, que as flores espalham, não nos custa nenhum centavo. Não está acondicionado em vidros artisticamente lavrados e caríssimos.
Está à nossa disposição para nos deliciarmos identificando as fragrâncias das rosas, das margaridas, das violetas molhadas pelo orvalho da manhã.
O sol que nos aquece e ilumina, jamais nos foi cobrado.
E o Maior Palestrante, Professor, Pedagogo, Psicoterapeuta, Médico e Amigo que a Terra conheceu, nunca cobrou um único centavo por Seus ensinamentos. E foram dos mais valiosos que se tem notícias.
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Importante que passemos a ver as coisas pelo seu real valor e pela importância que podem representar em nossas vidas.
Há coisas que custam muito e nada acrescentam na nossa economia moral.
E há outras que não custam nenhuma moeda, mas que são de alta valia para nosso bem-estar físico e mental.
Pensemos nisso! Consideremos o real valor das coisas que nos são ofertadas por Deus, pelos homens de bem, pelos gênios da Humanidade.
Redação do Momento Espírita, com base
no cap. As romãs, do livro O errante,
de Gibran Khalil Gibran, ed. Agigi.
Em 23.7.2022.
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