O trânsito estava agitado. Carros iam e vinham numa velocidade espantosa. Ninguém pensava em parar por qualquer motivo.
No acostamento, uma cena chamava a atenção. Um carro era empurrado com muito esforço por sua motorista. Devia estar com algum problema mecânico.
Mas ninguém se propunha a ajudá-la. A senhora, banhada em suor, mal respirava, tamanho o esforço que fazia.
Suplicava socorro, mas ninguém, ninguém mesmo se encorajava a parar. Vendo falhar o auxílio da Terra, ela rogou a Deus que a ajudasse.
Não demorou a vir a ajuda. Um rapaz de vinte e poucos anos achou triste aquele cenário. Resolveu parar e perguntar à senhora se precisava de ajuda.
Oh, meu filho, respondeu aliviada, faz mais de uma hora que estou empurrando este carro. O povo parece que tem medo de parar.
Veja só, o posto ainda está longe. Preciso deixar o carro lá para darem uma olhada, chamar um guincho.
Fique tranquila, foi a resposta do jovem. Vamos sair daqui.
Rebocou o carro enguiçado até a oficina mais próxima. Depois de dois quartos de hora, o problema estava resolvido.
Não sei como lhe agradecer, meu filho. Foi muita bondade a sua.
O rapaz se foi, sem querer maiores agradecimentos. Seguiu agora em direção ao seu trabalho, uma banca de jornais de sua propriedade. Estava bastante atrasado.
Chegando lá, no entanto, notou algo diferente. Dezenas de policiais, carro de bombeiros, curiosos, uma confusão.
Sem entender direito o que estava acontecendo, perguntou a um homem que parecia estar ali há bastante tempo:
Você sabe o que aconteceu aí, meu amigo?
Sim. Falou o desconhecido. Há meia hora parece que o motorista de um caminhão perdeu os freios, desceu a ladeira a toda velocidade, bateu na banca de jornais e a arrastou até o viaduto.
Agora, os bombeiros estão tentando achar o corpo do jornaleiro, que sumiu no meio dos estragos.
O bom rapaz sentiu as pernas bambearem. Ele era o jornaleiro. E se deu conta que, por causa de uma boa ação, tivera a sua própria vida salva.
No dia seguinte, a sua história foi manchete em todos os jornais.
* * *
A Providência Divina se manifesta das formas mais inesperadas. A uns envia um amigo para aconselhar, a outro faculta o encontro com a mensagem de que necessita, servindo-se dos variados meios de comunicação.
A esse, em especial, conduziu para o auxílio alheio, a fim de ter a sua vida poupada, naquele momento.
Muito oportuno recordar o ensino de Jesus a respeito de salvar a vida e vir a perdê-la ou, em esquecendo de si, para servir ao próximo, vir a ter a sua vida efetivamente salva.
Redação do Momento Espírita, com base no
conto Os ajudados, de autoria ignorada.
Em 21.1.2013.