A mãe chegou na casa da filha, no meio da tarde, para uma visita de surpresa. Trazia um brinquedo novo para a netinha de pouco mais de um ano.
Tocou a campainha por três vezes e ninguém atendeu à porta. Revolveu a bolsa e retirou a chave da casa, uma cópia que lhe fora dada para eventual emergência.
Abriu a porta e entrou. Silêncio na casa. Chamou pela filha, pela netinha, e nada.
Foi verificando os cômodos um a um e se tornando inquieta. Na sala, havia brinquedos espalhados por toda parte. O sapatinho da criança estava jogado sobre o sofá.
No quarto, a bolsa com fraldas, mamadeira e outros utensílios próprios para bebê estava meio aberta e esquecida.
No banheiro, um vaso quebrado se encontrava dentro da pia, ainda com vestígios de terra espalhada.
O coração parecia agora arrebentar dentro do peito. Ela podia senti-lo bater forte na garganta, enquanto as têmporas começavam a latejar.
Deixou escapar um grito de desespero: Sequestraram minha filha e minha neta.
Em prantos, telefonou para o marido. Como falava muito rápido e chorando, ele não entendeu muito bem o que estava acontecendo, a não ser que era uma tragédia.
Telefonou para alguns parentes pedindo que fossem acudir a esposa, enquanto ele acionaria a polícia.
Afinal, pelo que pudera compreender, alguém entrara na casa da filha, roubara objetos, deixara muitas coisas espalhadas pela casa toda e sequestrara sua filha e neta.
Logo foram chegando amigos, parentes próximos. A casa ficou repleta de pessoas.
Ninguém se atrevia a tocar em nada até a chegada da polícia.
A avó começou a passar mal. Por ser portadora de um problema cardíaco grave, foi levada às pressas para um hospital.
Pouco depois, chegava a polícia. Sirene, carros freando depressa, cerco se instalando, armas apontadas.
O que acontecera, afinal? Enquanto os policiais adentravam na casa para verificação, uma jovem mulher chegou com uma criança ao colo e foi perguntando:
O que está acontecendo em minha casa? Por que tanta gente?
Era a dona da casa que fora até à farmácia, distante algumas quadras, para comprar um medicamento para a pequena que estava iniciando um quadro febril.
Os brinquedos estavam espalhados porque a criança estivera a brincar até há pouco. O sapatinho estava esquecido sobre o sofá porque ela decidira levar a criança nos braços, para não se retardar em demasia e resolveu não calçá-la.
O vaso fora quebrado pela criança, quase à hora da saída, motivo pelo qual a jovem mãe simplesmente o recolhera e colocara dentro da pia do banheiro.
Tudo simples, quando bem explicado. E enquanto se retiravam os policiais, parentes e vizinhos curiosos, o avô se despediu da pequenina e rumou para o hospital, a fim de socorrer a esposa internada, com cuidados especiais para evitar um infarto.
* * *
Manter a calma em toda circunstância é muito importante, para se evitar transtornos maiores.
Olhar com cuidado e não tirar conclusões apressadas nos evitam problemas sérios.
Quando falamos muito no mal e vibramos negativamente, guardamos maiores possibilidades de, a qualquer sinal de quebra da rotina, de saída do habitual, considerarmos que algo trágico ou irreparável aconteceu.
Orar sempre e vigiar com constância são recomendações que atravessaram os séculos, desde os tempos em que o Senhor Jesus as pronunciou e os Evangelistas as registraram, convidando-nos a analisar com ponderação e agir com calma.
Redação do Momento Espírita.
Em 25.08.2010.